Atenção pessoal, agora é mais
sério.
Aquela cena de deixar o carrinho
no lugar de estacionamento reservado para pessoas com deficiência vai começar a
sair mais cara. Quer dizer, talvez vá, as leis em Portugal são mais indicativas
que imperativas ou então são imperativas só para alguns.
É evidente que é quase um
insulto, terão de me desculpar, fazer esta referência pois é situação que nunca
se verifica.
No entanto, para alguém mais
distraído recorda-se que a partir de hoje, aquele instante em se lá deixa o
carro, “Oh Sôr guarda foi só para ir ali à farmácia 5 minutos buscar uns medicamentos”
vai sair mais caro, passa a ser contra-ordenação grave, tem coima acessória e
lá vão dois pontitos para o currículo.
Agora mais a sério e como já
referi, trata-se do que costumo designar por leis que não deveriam ser necessárias,
isto é, os valores éticos, culturais, sociais e morais deveriam ser suficientes
para que não fossem necessárias mas como infelizmente tal não acontece, são
justificadas. Aliás, a Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da
ONU, num relatório de 2016, criticou o Estado Português justamente pela
brandura com que lida com situações de discriminação de pessoas com
deficiência.
Peço desculpa de o repetir mas
recordo sempre um episódio contado por um dos presentes num encontro em que
participava sobre este universo.
Ao deslocar-se de automóvel para
uma zona comercial da cidade alentejana onde vive e quando se preparava para
estacionar no espaço reservado a pessoas com deficiência, estava a estacionar
um cidadão sem deficiência a quem o nosso amigo chamou a atenção para a sua
condição e para o facto de aquele ser um espaço reservado.
Sintetizando a história, acabou
por ouvir do "cidadão" que "tinha sorte em ser deficiente, senão
as coisas não ficavam assim". Esclarecedor.
O nosso amigo, homem que entende
não dever resignar-se, procurou um agente da autoridade para apresentar queixa
da ameaça e da infracção.
O agente da autoridade aconselhou
o nosso amigo a não se "chatear" “só” por causa de um lugar de
estacionamento. O nosso amigo não aceitou o conselho e continuou a reclamar os
seus direitos. Acontece que é brasileiro e o agente da autoridade acabou por
achar que ele devia era estar no país dele em vez de andar por aqui a chatear
cada um.
Creio que é dispensável comentar
quer a atitude do "cidadão", quer a atitude e comportamento do
"agente da autoridade".
Por este tipo de coisas e a
regularidade com que acontecem, o nosso amigo que usa a cadeira de rodas dizia
que mais do que o "peso" da cadeira de rodas é difícil suportar as
dificuldades criadas pelas atitudes e valores de muitas pessoas.
É também por este tipo de coisas
que as leis aprovadas merecem referência.
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