Como é sabido, os modelos de desenvolvimento económico,
ético, social e cultural em que temos persistido nas últimas décadas têm, entre
outras consequências, provocado fenómenos de desflorestação e desertificação
que em muitas áreas assumem proporções ameaçadoras da sustentabilidade do nosso
trajecto neste mundo.
Uma das espécies mais ameaçadas por estes fenómenos de
desflorestação e desertificação e a que, do meu ponto de vista, não tem sido
dada atenção suficiente é a árvore dos afectos.
Como sabem trata-se de uma
espécie de cujos frutos somos completamente dependentes pelo que sem eles não
subsistimos. De uma forma geral, todas as famílias e instituições tinham e
cuidavam de várias árvores dos afectos, tantas quantas as pessoas que as
integravam. Quase sempre, quando alguma árvore parecia ameaçada ou fragilizada
desencadeavam-se apoios e ajudas que procuravam restabelecer a saúde dessa
árvore.
Hoje em dia, já é frequente encontrarmos famílias e
instituições com muitas árvores dos afectos em situações muito precárias e
algumas irremediavelmente perdidas. Muitas destas árvores mais ameaçadas são
árvores mais novas ou, pelo contrário, árvores mais velhas embora seja problema
que afecte todas.
As árvores dos afectos mais novas precisam de mais cuidados,
mais atenção e a incapacidade ou dificuldade no podar, cuidar, regar,
alimentar, proteger, etc., leva a que o risco de secar seja grande e, como se
pode verificar, já existem muitíssimas árvores novas completamente secas de
afectos.
As mais velhas, por outras razões, quase sempre porque ficam sós, o
bosque protege cada árvore, e mais dependentes nos cuidados de que precisam.
Creio, pois, que começa a ser oportuno considerar-se a
possibilidade de promover a plantação que contrarie as consequências da
desflorestação e desertificação que atingem as árvores dos afectos, ou seja, as
pessoas.
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