O meu querido amigo e companheiro
de estrada na defesa de uma educação inclusiva de qualidade para todas, mas mesmo
todas, as crianças e adolescentes, Professor David Rodrigues coloca hoje no
Público um texto sobre inclusão em que recorre a uma metáfora para apresentar a
sua perspectiva sobre o cenário actual em matéria de inclusão. Numa altura em
que está em discussão pública um novo quadro legislativo a que daqui a uns dias
voltarei, o Professor David Rodrigues, escreve “A valsa é uma música escrita em compasso ternário e parece ser uma boa metáfora para comentar o que se passa presentemente no panorama da Inclusão na nossa Educação.” Destaca numa
abordagem oportuna e optimista a proposta em discussão, o discurso do Ministro
da Educação e a intervenção, estimulante registe-se, do Presidente da República
no recentemente realizado Congresso da Associação Nacional dos Docentes de Educação
Especial.
Sim, também quero assumir um
discurso optimista, não tanto pelos discursos, não acredito muito no seu poder
transformador, mas porque quero acreditar no empenho, competência e visão de boa parte dos elementos das
comunidades educativas, professores, técnicos e pais, no sentido de promover
direitos, inclusão, qualidade e … futuro para todos os alunos.
No entanto, acho que, voltando à
valsa creio que talvez estejamos mais num registo de valsa lenta.
O movimento é lento obedecendo à
coreografia da mudança, as mudanças são sempre em ritmo lento.
Os recursos disponíveis e a sua adequação, a
cultura e práticas observáveis em muitas escolas, os modelos de articulação com
estruturas exteriores à escola, entre muitos outros aspectos, são factores a
considerar neste cenário.
Entendo, naturalmente, que um
melhor enquadramento legislativo é uma ferramenta crítica na mudança positiva
do que se passa em matéria de resposta à diversidade dos alunos. O DL 3/2008
carecia, carece, de mudanças significativas e por isso vejo com agrado alguns
ajustamentos contidos na proposta que aqui referirei adiante.
No entanto, os processos de
mudança estão para além das alterações legislativas, são muito complexos e nem sequer
envolvem “apenas” aspectos da educação. Peço desculpa de uma nota mais profissional
mas, por exemplo, as dimensões psicológicas dos processos de mudança e a forma mais
ou menos participada como são promovidos, têm um papel fortíssimo e que em cada
contexto terá de ser trabalhado, mudar gera frequentemente inseguranças que
inibem alterações. Os processo de mudança devem ser apoiados e regulados.
Assim sendo, e como diz o
Presidente da República, “a luta continua” e o “wishful thinking” que também (me)nos
tenta por voluntarismo e convicção pode ser insuficiente para mudanças significativas.
A luta continua, David.
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