A propósito da intenção da Câmara
de Lisboa tornar a cidade mais segura para as mulheres, o Público colocava em
título “Câmara quer combater os recantos de Lisboa que amedrontam as mulheres”
Achei este título verdadeiramente
inspirador.
Por que não também uma campanha
no sentido de combater os recantos que amedrontam os miúdos. É claro que esta
campanha deveria ser desenvolvida em todas as comunidades e envolvendo todos os
contextos de vida dos mais novos incluindo, naturalmente, a família e a escola.
E na verdade são múltiplos os
recantos que podem tornar-se ameaçadores mesmos recantos que deveriam ser
portos de abrigo, aconchego e bem-estar.
Apesar de ter uma enorme
confiança na resiliência e capacidades dos mais novos e na competência e
empenho dos mais velhos, técnicos ou pais, pelas mais variadas razões alguns
recantos ficam mesmo ameaçadores e não têm que o ser. Deixem-me partilhar
alguns exemplos.
Os recantos da aprendizagem podem
ser tão encantatórios e mágicos como ameaçadores e com caminhos cheios de obstáculos
por vezes inultrapassáveis e deixando o futuro em risco.
Os recantos onde se abrigam expectativas
de pais ou profissionais que por serem demasiado baixas ou demasiado elevadas
produzem mal-estar e insucesso
Os recantos para onde são canalizados
miúdos por alguém entender que não podem ou devem andar nos caminhos onde todos
andam.
Os recantos que onde está um
futuro que não conhecem sem que percebam muito bem o caminho que lá leva.
Os recantos onde se sentem
abandonados mesmo dentro de famílias.
Os recantos onde se trancam,
ecrãs por exemplo, com medo do que está fora do ecrã ou do recanto
Os recantos onde recebem tratos
que não compreendem e que lhes produzem mal-estar.
Vários outros recantos podem amedrontar
os miúdos e talvez possamos minimizar a sua existência e o seu impacto.
Felizmente existem tantos outros recantos
onde sentem bem.
É assim a vida da gente.
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