Paulo Santiago, Chefe da Divisão
de conselho e implementação de políticas educativas da OCDE, tem um texto no Observador
que merece leitura e reflexão atenta. Identifica de forma simples mas bem
sustentada quatro princípios orientadores na promoção da qualidade na educação
e educação para todos, ou seja, capaz de acomodar a diversidade dos alunos.
No meu tempo de administração pública
era habitual que qualquer texto ou proposta a enviar para as estruturas de
decisão se iniciasse com a fórmula “À consideração superior”.
É o que julgo que este texto
merece.
À consideração superior ficam
alguns excertos.
(…)
Primeiro, é vantajoso investir cedo, em particular na educação
pré-escolar. Existe sólida evidência científica que demonstra que crianças que
são expostas a estímulos cognitivos mais cedo que outras tendem a adquirir, com
mais facilidade, competências e conhecimentos ao longo da vida. Os efeitos
substanciais e duradouros da educação pré-escolar nos resultados escolares são
particularmente elevados para crianças desfavorecidas, cujo ambiente familiar
nem sempre ajuda ao desenvolvimento das competências de base necessárias para
singrar na escola.
(…)
Segundo, um objectivo importante do financiamento educativo nos
primeiros anos de escolaridade (ensino básico) é limitar as lacunas de
aprendizagem dos alunos com dificuldades. Remediar mais tarde é caro e
ineficiente, seja através de reforço na aprendizagem (aulas suplementares,
explicações), da retenção escolar (que é dispendiosa e ineficaz), ou de uma
oferta educativa excessivamente diversificada no secundário como ajuste a uma
distribuição mais ampla do desempenho dos alunos.
(…)
Terceiro, na fase pós-ensino básico, importa investir num sistema
educativo inclusivo. Isto traduz-se na garantia de uma oferta educativa
abrangente para acomodar a diversidade de competências, interesses e ambições
dos alunos recém-chegados ao ensino secundário. Assim se asseguram
oportunidades válidas para todos e se reduz o enorme custo do abandono escolar
precoce.
(…)
Quarto, dar certa liberdade de decisão aos actores locais (escolas,
directores, professores) pode melhorar a utilização dos recursos educativos por
via do seu melhor conhecimento das suas necessidades específicas. Por exemplo,
a escola conhece melhor o perfil de professores mais adequado ao seu projecto
educativo, está melhor colocada para configurar as turmas (por exemplo definir
o seu tamanho consoante os grupos) ou para desenvolver estratégias para
remediar o atraso na aprendizagem de certos alunos.
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