Boa parte do mundo assinala hoje a passagem de 25 anos sobre
a queda do muro de Berlim, um evento que se inscreveu na história europeia e
mundial.
Vai sendo tempo de forçar a queda de muitos outros muros que
criam barreiras a vidas com direitos e dignidade.
Só porque, por coincidência, vou participar hoje aqui no
Alentejo num encontro em que nos propomos reflectir sobre “A escola espaço de
inclusão universal” uma referência ao enorme muro que em muitas circunstâncias
transforma a vida de muitas crianças, jovens e adultos numa permanente corrida
de obstáculos e vêem atropelados alguns dos seus direitos.
Esse muro é constituído por dimensões mais tangíveis, falta
de recursos humanos e técnicos, barreiras físicas e acessibilidade, insuficiência
de apoios de natureza social, etc.
No entanto, boa parte deste muro é constituído por dimensões
de outra natureza, desvalorização dos problemas das minorias, o entendimento de
que os direitos humanos são de geometria variável e dependentes da conjuntura,
ou seja, se existir mais dinheiro, teremos mais direitos, os equívocos em torno
da ideia de inclusão que muitas vezes não passa de “entregação”, crianças e
jovens estão “entregadas” em escolas ou instituições com baixo nível de
participação nas actividades da comunidade em que deveriam estar incluídos.
A participação é, sempre o afirmo, o principal critério de
inclusão. Apesar de muitas experiências positivas que se desenvolvem
diariamente, os níveis de participação de crianças e jovens nas actividades das
suas comunidades é baixo.
Do meu ponto de vista, esta menor participação decorre do
facto de muitos de nós não “acreditarmos” que eles são capazes de o fazer, Em
nome das suas dificuldades estruturam-se ambientes que se entendem como mais protectores
dessas dificuldades e as crianças e jovens estão “ao lado” e não por dento do
mundo que, por princípio, deveria ser o seu.
Muitas vezes afirmo e insisto que o nível de desenvolvimento
das comunidades também se afere pela forma como lidam com os problemas das
minorias mais vulneráveis. Vai sendo tempo das comunidades, não apenas os
próprios, as famílias ou os técnicos, assumirem que se torna urgente derrubar o
que for possível, estou a ser realista, deste muro, destes muros.
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