"Comissão que avalia compensações a docentes tem 90 dias úteis para fazer relatório"
Foi hoje formalmente constituída a Comissão que o Ministro
Nuno Crato anunciou destinada a avaliar “eventuais” compensações a atribuir aos
docentes “eventualmente” lesados pela incompetência no processo de colocação de
professores respeitante à Bolsa de Contratação de Escola. A Comissão tem 90
dias para elaborar um relatório.
Aguardo com alguma expectativa as “eventuais” compensações
aos docentes “eventualmente” lesados. A vida ensinou-me a não ser demasiado
optimista quanto ao trabalho da Comissão embora admita que “eventualmente”
possamos ser surpreendidos.
Entretanto, talvez por um eventual esquecimento não foram
desencadeados os trabalhos para acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos
causados no clima das escolas por todo este catastrófico processo.
Seria também importante uma Comissão que acompanhasse a avaliação
dos “eventuais” danos causados na qualidade do trabalho de professores e
alunos, mesmo nos que estão nas escolas desde o início e têm vivido dias a
apagar fogos ateados pelo MEC.
Creio que também deveria ser acompanhada a avaliação do “eventual”
impacto negativo destas semanas queimadas em fingimento de aulas para milhares
de alunos, designadamente, nos que terão exames finais, mas também nos alunos
com necessidades educativas especiais que têm estado em casa ou amontoados numa
qualquer sala de que a escola disponha.
Uma Comissão podia ainda acompanhar a avaliação dos “eventuais”
danos na aquisição, por parte dos alunos, das suas endeusadas "metas
curriculares" cuja extensão e conteúdos não sendo compatíveis com aulas a
correr normalmente, menos o são com semanas sem aulas.
E podia ainda acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos
causados às famílias que ficaram com os filhos em casa em vez de estarem na
escola.
Esta ou outra Comissão poderia também acompanhar a avaliação
dos “eventuais” danos causados às famílias de alunos com necessidades especiais
que não têm podido ter os filhos nas escolas.
Podia ainda acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos
causados às famílias que, preocupadas com o caos instalado pelo MEC, tentaram
minimizá-lo recorrendo a explicações para os filhos.
Talvez até fosse mesmo importante a existência de uma
Comissão que avaliasse os “eventuais” impactos de uma política educativa que
não é amigável para alunos, professores, técnicos, funcionários ou pais.
Deixou de ser há muito uma “eventual” política educativa
para se transformar essencialmente numa real política contabilística e na
promoção de uma agenda de transformação da educação num mercado.
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