segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A EVENTUAL COMPENSAÇÃO PELOS EVENTUAIS DANOS CAUSADOS PELOS EVENTUAIS PROBLEMAS

"Comissão que avalia compensações a docentes tem 90 dias úteis para fazer relatório"

Foi hoje formalmente constituída a Comissão que o Ministro Nuno Crato anunciou destinada a avaliar “eventuais” compensações a atribuir aos docentes “eventualmente” lesados pela incompetência no processo de colocação de professores respeitante à Bolsa de Contratação de Escola. A Comissão tem 90 dias para elaborar um relatório.
Aguardo com alguma expectativa as “eventuais” compensações aos docentes “eventualmente” lesados. A vida ensinou-me a não ser demasiado optimista quanto ao trabalho da Comissão embora admita que “eventualmente” possamos ser surpreendidos.
Entretanto, talvez por um eventual esquecimento não foram desencadeados os trabalhos para acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos causados no clima das escolas por todo este catastrófico processo.
Seria também importante uma Comissão que acompanhasse a avaliação dos “eventuais” danos causados na qualidade do trabalho de professores e alunos, mesmo nos que estão nas escolas desde o início e têm vivido dias a apagar fogos ateados pelo MEC.
Creio que também deveria ser acompanhada a avaliação do “eventual” impacto negativo destas semanas queimadas em fingimento de aulas para milhares de alunos, designadamente, nos que terão exames finais, mas também nos alunos com necessidades educativas especiais que têm estado em casa ou amontoados numa qualquer sala de que a escola disponha.
Uma Comissão podia ainda acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos na aquisição, por parte dos alunos, das suas endeusadas "metas curriculares" cuja extensão e conteúdos não sendo compatíveis com aulas a correr normalmente, menos o são com semanas sem aulas.
E podia ainda acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos causados às famílias que ficaram com os filhos em casa em vez de estarem na escola.
Esta ou outra Comissão poderia também acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos causados às famílias de alunos com necessidades especiais que não têm podido ter os filhos nas escolas.
Podia ainda acompanhar a avaliação dos “eventuais” danos causados às famílias que, preocupadas com o caos instalado pelo MEC, tentaram minimizá-lo recorrendo a explicações para os filhos.
Talvez até fosse mesmo importante a existência de uma Comissão que avaliasse os “eventuais” impactos de uma política educativa que não é amigável para alunos, professores, técnicos, funcionários ou pais.
Deixou de ser há muito uma “eventual” política educativa para se transformar essencialmente numa real política contabilística e na promoção de uma agenda de transformação da educação num mercado.

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