“Municipalização das escolas” deverá avançar já em Janeiro
Ao que parece a opaca discussão
que envolve municípios e MEC dará origem a que em Janeiro avance a tal de
"municipalização da educação" em muitas autarquias.
Não atentei nos avisos mas acho
que se pode dizer que a educação deverá entrar em alerta, pelo menos, laranja.
Os conteúdos que vão sendo conhecidos
desta opaca discussão levantam sérias inquietações.
Embora alguns autarcas a
contestem, parece manter-se a ideia de "premiar" os municípios que
consigam prescindir de professores considerados necessários até ao limite de 5%,
pois alguns professores farão mesmo falta para entreter a criançada. Esta
medida assenta em "factores de eficiência" uma pérola do "neoliberalês"
que vai substituindo o "eduquês".
Ainda não consegui saber se na
mesma linha, eficiência, estarão também previstos prémios por cada funcionário
necessário mas eliminado, por cada escola necessária mas fechada, por cada
apoio educativo necessário mas eliminado, etc., etc.
Continuo a pensar que este
movimento deveria ser decidido e analisado com prudência e retomo algumas notas.
Em primeiro lugar seria desejável, mas
confesso que não espero que tal aconteça, que se analisasse com atenção os
resultados de experiências de municipalização realizadas noutros países nos
termos em que Nuno Crato se vai referindo a este movimento, e cujos resultados
estão longe de ser convincentes.
Por outro lado, o que se vai
passando no sistema educativo português no que respeita ao envolvimento das
autarquias nas escolas e agrupamentos, designadamente em matérias como as
direcções escolares, nos Conselhos gerais e na colocação de funcionários e
docentes (nas AECs, por exemplo) mostra variadíssimos exemplos de caciquismo,
tentativas de controlo político, amiguismo face a interesses locais, etc. O
controlo das escolas é uma enorme tentação. Podemos ainda recordar as práticas
de muitas autarquias na contratação de pessoal, valorizando as fidelidades
ajustadas e a gestão dos interesses do poder.
Assim sendo, talvez seja mesmo recomendável
alguma prudência.
Ainda nesta matéria e dados os
recursos económicos disponíveis, poderemos correr o risco de se aumentar o
"outsourcing" e a promoção de PPPs que já existem nas escolas, muitas
vezes com resultados pouco positivos, caso de apoios educativos e do
recurso a empresas de prestação de serviços, (de novo o exemplo das AECs).
Finalmente, uma referência a um
equívoco habitual entre autonomia das escolas e municipalização. O imprescindível
reforço da autonomia das escolas e agrupamentos não depende da municipalização
como muitas vezes se pretende fazer crer.
Confundir autonomia com
municipalização é criar um equívoco perigoso que frequentemente não passa de
uma cortina de fumo para mascarar os caminhos dos negócios da educação.
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