"Os pobres de Lisboa ficaram mais pobres nos últimos três anos"
"Subsídio só é atribuído a um terço dos
desempregados"
A pobreza e a exclusão deveriam
envergonhar-nos a todos, a começar por quem lidera, representam o maior
falhanço das sociedades actuais.
Afirmo com frequência que uma das
consequências menos quantificável das dificuldades económicas, sobretudo do
desemprego, em particular o de longa duração e de situações em que o tempo
obriga a perder o subsídio, é o roubo da dignidade às pessoas envolvidas.
Também sabemos que se verifica
oportunismo e fraude no acesso aos apoios sociais, mas a esmagadora maioria das
pessoas sentem a sua dignidade ameaçada quando está em causa a sobrevivência a
que só se acede pela “mão estendida” que envergonha, justamente por uma questão
de dignidade roubada.
A questão da pobreza é um terreno
que se presta a discursos fáceis de natureza populista e ou demagógica, sem
dúvida. Mas também não tenho dúvidas de que os problemas gravíssimos de pobreza
que perto de três milhões de portugueses conhecem, exigiriam uma recentração de
prioridades e políticas que não se vislumbra. Na verdade, apesar da retórica
oficial de que existiu e existe justiça social nas medidas de austeridade, o
que é verdadeiramente insustentável é que as políticas assumidas, por escolha
de quem decide, por cá e noutras paragens, produziram mais exclusão e pobreza.
Mais preocupante é a
insensibilidade da persistência neste caminho.
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