Um dia destes, no meio de uma deambulação profissional entrei
num café grande e produzido, por assim dizer. Estava de namoro com a bica e
bati com os olhos em alguns cartazes que me deixaram a pensar. Um dizia, “temos
pão do tipo Mafra”, um outro afirmava, “temos pão do tipo alentejano” e um
outro ainda convidava, “prove os nossos bolos com massa do tipo bolo-rei”. Não
reparei se haveria outros cartazes do tipo “estes que referi”, mas achei
curioso.
Estes discursos parecem muito elucidativos de algumas
particularidades do nosso funcionamento. De facto, parecemos ter uma especial
apetência para nos não preocuparmos se as coisas são ou não são, podem apenas
parecer, aproximar-se, ser quase iguais, etc., ou seja, não são coisas mesmo
coisas, são coisas do tipo coisas, o que é notável.
Também acho particularmente apelativos os anúncios que nos
informam sobre a venda de carros semi-novos o que me parece ser uma ideia
interessante a explorar. Este conceito do carro semi-novo poderia
transformar-se em qualquer coisa como, “vende-se um carro tipo novo”.
Mas esta capacidade de transformar algo, em qualquer coisa
do tipo algo, faz mesmo escola. Se estivermos atentos notamos como ouvimos
discursos assim “do tipo de discursos” e assistimos a comportamentos do “tipo
comportamentos”.
Aliás, até acho que o Governo tem desenvolvido umas
políticas, do “tipo políticas” e vai-nos transformando assim num país, “tipo
País”.
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