"Educação: É essencial fundamentar em vez de enunciar “novos paradigmas”"
Paulo Guinote coloca hoje um artigo de opinião no Público no
qual manifesta a sua resistência à facilidade com que se evoca a necessidade ou
se estabelecem “novos paradigmas” no universo da educação.
É uma abordagem interessante e que deve ser considerada.
Também eu quando oiço referências esta natureza, novos “paradigmas”, me recordo
sempre da "Invenção do Dia Claro", em que Almada Negreiros
dizia, "Nós não somos do século de inventar palavras. As palavras já
foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já
foram inventadas”.
Na verdade, o que é essencial em educação está inventado e é
conhecido, designadamente pelas pessoas da educação.
O que nós precisamos é de condições, de natureza diferenciada,
para que o essencial seja feito e bem feito.
O que nas mais das vezes temos é um abastardamento
intencional das palavras que conhecemos para servir agendas de interesses que
se servem da educação mas não são a educação. Podemos ter como exemplo, é o que
Guinote também aborda, a questão da autonomia.
Não precisamos de “novos paradigmas” sobre autonomia da
escola, precisamos de … autonomia da escola. As pessoas da escola, docentes,
directores, pais, pessoas da academia, não precisam de “novos paradigmas”,
precisam que a educação e a escola pública não sejam, como outras áreas objecto
da conflitualidade de interesses económicos ou da partidocracia, seja a nível
central ou local.
As pessoas da escola entendem-se sobre autonomia ou sobre
outras matérias sem necessitar de “novos paradigmas.
Os “novos paradigmas” são, muito provavelmente, parte do
problema e não parte da solução.
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