Hoje é o dia de S. Martinho, um dia em quando era miúdo se
tornava obrigatório comer castanhas assadas. Os mais velhos acompanhavam-nas
com água-pé. Coisas de outros tempos, é claro.
Hoje, temos umas referências rápidas nas escolas, uma
chamada de atenção nos superfícies comerciais, sempre se vendem umas castanhas,
e pouco mais.
No entanto, em algumas ruas de Lisboa, e não só
evidentemente, nestes dias frios e com a noite a chegar mais cedo ainda
sentimos o perfume das castanhas assadas pelos vendedores ambulantes. Sim, acho
mesmo bom o cheiro das castanhas assadas na rua.
Apesar dos orçamentos se apertarem dramaticamente julgo que
ainda faremos um esforço para aceder às castanhas assadas, mesmo que meia dúzia. É a única coisa que
nos chega embrulhada num agradável "quentes e boas" o que na verdade
merece saudação.
Em tempos frios como os que vivemos em que a cada notícia
sobre a nossa vida nos deixa mais gelados e tão amargos no sabor que colocam
nos dias que nos acolhem, é bom chegarem as castanhas assadas, "quentes e
boas". Se calhar é isso que lhes dá o valor e daí serem caras.
Parece que já não podem ser vendidas embrulhadas em jornal
ou nas infindáveis páginas das listas telefónicas. Coisas da segurança
alimentar, ao que dizem, mas não é a mesma coisa. Castanhas assadas que se prezem
vem num funil de papel de jornal.
Podemos tentar reproduzir em casa com equipamentos mais
sofisticados umas castanhas assadas mas nunca ficam ou eu nunca consegui que
ficassem ... quentes e boas, como as que se vendem na rua.
Nem com o mesmo cheiro a Inverno.
Logo, quando voltar da lida, vou trazer da rua umas
castanhas assadas e beber um copo de água-pé que mão amiga e generosa me fez
chegar.
À vossa saúde.
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