Apesar dos vinhos portugueses estarem na moda conquistando sucessivos prémios internacionais, continuo a pensar que em Portugal ainda se verifica o velho enunciado "muita parra e pouca uva".
Esta recente onda de casos judiciais envolvendo pesos pesados da vida portuguesa, para além de casos mais antigos, tem levado à cansativa repetição de que "a justiça funciona", "o estado direito está a funcionar", etc.
No entanto, se bem atentarmos apesar da muita "parra" as uvas têm sido poucas e, presumo, poucas continuarão a ser.
De facto, nos casos mais mediáticos dos últimos anos, não tenho ideia de que tenha sido determinada alguma condenação efectiva e cumprida, exceptuando Isaltino Morais, que terá tido o azar de ser escolhido para mostrar que ... a justiça funciona.
Quando a poeira assenta, fica a gestão política das coisas da justiça, uma rapaziada que se entrega a uma vida mais "discreta" cumprindo um período sabático nas suas actividades e ... pouco mais.
Na verdade, continuo tão convencido como antes de que a justiça portuguesa ainda é o que era, fraca com os fortes, forte com os fracos, cheia de armaldilhas e alçapões que ajudam quem pode pagar a não sair muito salpicado das falcatruas em que se envolve.
Mais grave ainda, continuo convencido que a tão falada separação entre política e justiça traduzida na separação de poderes e na afirmação repetida para parecer verdade de "à política o que é da política, à justiça o que é da justiça" não passa de retórica.
Aguardemos os próximos desenvolvimentos como se costuma dizer.
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