Para fugir ao massacre das notícias que envolvem a detenção
de José Sócrates, umas notas sobre algo completamente “alternativo” mas
essencial para cada um de nós, o nome que temos.
Durante 2013 o nome que os portugueses colocaram aos seus
filhos manteve a tendência que se vem registando. Nas raparigas continuamos um país de Marias e logo a seguir
de Matildes. Com menos escolhas temos Leonor, Mariana e Carolina.
Nos rapazes continua a predominar o João e dois nomes em
alta nos últimos tempos Rodrigo e Martim e vai caindo em desuso o portuguesíssimo José.
Devo dizer que fiquei um pouco inquieto, um mundo sem
“Sónias Andreias”, sem “Cátias Vanessas”, sem “Sandras Cristinas”, sem
“Tatianas”, sem “Fábios”, sem “Mauros” vai ser, certamente, um mundo diferente.
Também em trabalhos anteriores sobre esta matéria se registava já a tentativa
de sofisticar um pouco as escolhas, mantém-se o popular João, mas temos o
Rodrigo, o Martim, o Tomás, a Mariana, a Matilde entre outras que nos garantem,
enfim, outra apresentação.
Mas o que me deixou mais apreensivo face a esta questão, é
que, recordando um trabalho também sobre esta matéria há algum tempo divulgado,
parece notar-se que o povo está mesmo a voltar as costas aos nossos mais
gloriosos nomes, sobretudo nos rapazes, nomes como Manuel, António, José,
Paulo, Carlos, etc. estão em queda. Será que vamos deixar de ter um Carlos
Jorge, um António Manuel, um Manuel Carlos, um José Manuel, um António João, um
Paulo Jorge, tudo nomes na nossa melhor tradição?
Até nos nomes! Estão a mexer com a nossa identidade.
É certo que existem uns nomes que todos os dias, em voz mais alta ou mas baixa, chamamos a alguém e que
se mantêm e manterão, aí a tradição ainda é o que era, felizmente.
Por outro lado, considerando os nomes que se chamam e de que
as pessoas não gostam, uma pequena história que há tempos aqui
deixei.
"Gosto quando me chamam. Às vezes, muitas vezes, não
me chamam.
Outras vezes chamam-me nomes que não são meus. Os
crescidos chamam-me preguiçoso, distraído, parvo, bebé, coitadinho e outros
nomes, sempre nomes que não são meus.
Os outros miúdos chamam-me badocha, gordo, bolacha, caixa
de óculos, def e outros nomes, sempre nomes que não são meus.
Eu acho que as pessoas, todas as pessoas, só deviam ter
um nome, o seu."
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