"Notas inflacionadas das privadas permitem ultrapassar até 450 colegas"
Como já tenho afirmado, este tipo
de situações conhecidas de há muito e que justificam, aliás, o recurso a
algumas instituições de ensino privado por parte das famílias, radica numa
questão central, a conclusão e certificação de conclusão do ensino secundário e
a candidatura ao ensino superior deveriam ser processos separados.
Os exames nacionais destinam-se,
conjugados com a avaliação realizada nas escolas, a avaliar e certificar o
trabalho escolar produzido pelos alunos do ensino secundário e que, obviamente,
está sediado no ensino secundário. Neste cenário caberiam também as outras
modalidades que permitem a equivalência ao ensino secundário, como é o caso do
ensino artístico especializado ou recorrente em que também se verificam algumas
"especificidades", por assim dizer.
O acesso ao ensino superior é um
outro processo que deveria ser da responsabilidade do ensino superior e estar
sob a sua tutela.
A situação existente, não permite
qualquer intervenção consistente do ensino superior na admissão dos seus
alunos, a não ser a pouco frequente definição de requisitos em alguns cursos, o
que até torna estranha a passividade aparente por parte das universidades e
politécnicos, instituições sempre tão ciosas da sua autonomia. Parece-me claro
que o ensino superior fazendo o discurso da necessidade de intervir na selecção
de quem o frequenta não está interessado na dimensão logística e processual
envolvida.
Os resultados escolares do ensino
secundário deveriam constituir apenas um factor de ponderação a contemplar nos
processos de admissão organizados pelas universidades como, aliás, acontece em
muitos países.
Sediar no ensino superior o
processo de admissão minimizaria muitos dos problemas conhecidos decorrentes do
facto da média do ensino secundário ser o único critério utilizado para ordenar
os alunos no acesso e eliminaria o “peso” das notas inflacionadas em diversas circunstâncias. Todos nós conhecemos os clássicos
exemplos de alunos que se dirigem a medicina porque as suas altíssimas notas
assim o sugerem, acabando por reconhecer não ser esse o seu caminho e, por
outro, um potencial excelente médico que deixará de o ser porque por três vezes
ficou a décimas da média de entrada.
Enquanto não se verificar a
separação da conclusão do secundário da entrada no superior corremos o risco de
lidar com situações desta natureza.
2 comentários:
Hoje, para se ter acesso ao ensino superior não é preciso fazer o 12.º ano !
Nem sequer é o problema mais complicado
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