Logo mais à noite faço-me à viagem para o Funchal. Respondendo a convite participarei amanhã num evento com a temática “Os desafios na educação do Séc. XXI”.
Quem como eu trabalha neste universo há umas décadas foi-se habituando a que em todos os tempos se discutiu, discute, o repensar a escola, o reinventar a escola, o mudar a escola, os novos desafios da escola, a escola do futuro ou outras variações no mesmo sentido, olhar lá mais para a frente.
Talvez esteja a ser injusto, ou melhor, a sentir-me desencantado. A nossa principal preocupação não é, não tem que ser, a escola de amanhã.
É a escola de hoje.
O que estamos a fazer na escola e na educação de hoje?
Acho sempre bem mais tranquilo falar do que está para chegar. Chegará ou não, ver-se-á.
Mas difícil mesmo é olhar para a escola e a educação de hoje e entendermo-nos nesse olhar incluindo as naturais diferenças.
Se olharmos para os discursos sobre a escola e sobre a educação facilmente percebemos a complexidade de um entendimento sobre o que temos, o que queremos ter e como queremos ter.
A crispação e o ruído inibem racionalidade. As diferenças ideológicas informam análises e modelos de resposta. A tentação do controlo político da educação pela agenda partidária mina pontes e entendimentos.
Não, definitivamente, como diria Almada Negreiros, "Nós não somos do século de inventar palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas”.
Tudo o que está a acontecer, também no mundo da educação parece resultar das respostas velhas a perguntas, também elas já velhas, porque assentes em fórmulas velhas e que nos conduziram ao que estamos a assistir. Não vale a pena fazer perguntas de que já sabemos as respostas, vão alimentar o que já temos.
Creio que a questão essencial nos nossos dias, nestes tempos de inquietação, se coloca nos termos utilizados pelo Mestre Almada. Temos as palavras, não precisamos de outras palavras. Temos de utilizá-las para fazer novas perguntas, para encontrar novas respostas.
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