O Natal aproxima-se. Entre outros
aspectos, a época de Natal caracteriza-se por uma valorização temporária dos
brinquedos e do brincar.
Digo temporária porque brincar e
brinquedos têm vindo a ficar arredados da vida dos mais novos.
Estes empos que não são de
brincar, são de trabalhar, muito, em nome da competitividade e da
produtividade, condição para a felicidade, entendem alguns. Roubaram aos miúdos o
tempo e o espaço que nós tínhamos e empregam-nos horas sem fim nas fábricas de
pessoas, escolas, chamam-lhes. Aí os miúdos trabalham a sério, a tempo inteiro,
dizem, pois só assim serão grandes a sério, dizem também.
Às vezes, alguns miúdos ainda
brincam de forma escondida, é que brincar passou a uma actividade quase
clandestina que só pais ou professores “românticos”, “facilitistas”,
“eduqueses” ou “incompetentes” acham importante.
Muitos outros miúdos vão para
umas coisas a que chamam “tempos livres”, que de livres têm pouco, onde,
frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a
continuação do trabalho que se faz na fábrica de pessoas, a escola.
Também são encaixados em dezenas
de actividades fantásticas, com nomes fantásticos, que promovem competências
fantásticas e fazem um bem fantástico a tudo e mais alguma coisa.
Era bom escutar os miúdos. Se
perguntarem aos miúdos, vão ficar a saber que brincar é a actividade mais séria
que eles fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base de tudo o que
virão a ser.
Vem este texto a propósito de uma
peça no Público sobre duas empresas que em Portugal produzem brinquedos, um bem
de primeira necessidade. Uma mais antiga, a Majora, felizmente recuperada da
falência (lá está, brinquedos não são produtos interessantes) que reaparece com
muitos dos brinquedos e jogos que acompanharam a infância de muitos de nós.
A outra referência a uma empresa
mais moderna, a Science4you, mais voltada para os tempos actuais e para a
ligação entre a ciência e os brinquedos.
Num clima em que o tempo para
brincar vai rareando importa sublinhar a importância dos brinquedos.
O brincar da infância vai-se
encurtando, algum dia os miúdos vão nascer crescidos para já não precisarem de
brincar.
No entanto, como sempre digo,
brincar é a coisa mais séria que as crianças fazem. No brincar põem tudo o que
são, sendo ainda a base de tudo o que vão ser.
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