Numa passagem de olhos pela
imprensa, que os doem de olhar para as feridas ainda visíveis do fogo
devastador que assolou a lindíssima zona do Funchal, vejo referências ao facto de que as
famílias com alunos no 1º ciclo não terão de pagar os manuais que sejam
utilizados pelas crianças de forma a não permitir a sua reutilização.
Esta decisão era algo de
incontornável por duas razões principais.
Com gratuitidade ou sem
gratuitidade os manuais não são construídos a pensar na sua reutilização. Ponto.
Os valores envolvidos no nicho
dos manuais escolares e restantes e inúmeros materiais complementares não
são favoráveis a que assim seja. Parece óbvio.
A questão passará por duas vias,
em primeiro lugar repensar do peso dos manuais nos processos de ensino e
aprendizagem. Muitas vezes tenho dito que temos que tentar contrariar o que
designo por um excesso de “manualização” que emerge de práticas pedagógicas
pouco diferenciadas muito decorrentes de conteúdos curriculares demasiado
extensos, prescritivos e normalizadores.
Seria desejável atenuar a fórmula
predominante, o professor ensina com base no manual o que o aluno aprende
através do manual que o pai acha muito importante porque tem tudo o que
professor ensina.
O número de alunos por turma é
também um facto contributivo para este cenário. A anunciada redução do número
de alunos por turma ao abrigo de uma verdadeira autonomia das escolas e dos
professores, permitiria a alunos e professores um trabalho de pesquisa e
construção de conhecimentos com base noutras fontes incrementando, por exemplo,
a acessibilidade a conteúdos e informação diversificada que as novas
tecnologias oferecem.
Por outro lado, segunda via, é necessário que
seja definido com clareza e peso o critério reutilização na aprovação dos
manuais.
É também sabido que a
reutilização de manuais é prática já verificada em muitos países, não é nada de
novo, é “apenas” negócio.
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