Foi divulgado o Relatório Health at a Glance: Europe 2016. Para além dos dados preocupantes relativos à população
adulta alguns indicadores sobre o universo dos mais novos são motivo de
preocupação.
Em Portugal mais de uma em cada
quatro crianças tem excesso de peso. Nas raparigas ultrapassa os 30% e nos
rapazes temos 25%.
Acresce que no que respeita à
actividade física e considerando a recomendação da OMS de uma hora diária de
actividade física aos 11 anos só 16% das raparigas e 26% dos rapazes cumprem e
aos 15 anos temos 5% das raparigas e 18% dos rapazes.
Estes dados estão em linha com os
de relatórios anteriores e com estudos nacionais sobre os hábitos alimentares e estilo de vida dos mais novos.
Recordo um trabalho, creio ser
2014, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto sugerindo que aos
4 anos mais 87% das crianças ultrapassa já “os valores toleráveis de sal” para
a sua idade. Crianças com dois e “têm consumos alimentares nada saudáveis”, aos
dois anos, por exemplo
Lembro um outro, “EPACI Portugal 2012 – Estudo do Padrão
Alimentar e de Crescimento na Infância”, segundo o qual, 31.4% das crianças
portuguesas entre os 12 e os 36 meses apresentam excesso de peso e 6.5%
situações de obesidade.
A Direcção-Geral de Saúde e o ME
têm vindo a determinar que nas escolas alimentos hipercalóricos, como doces ou
bolos, não sejam expostos, devendo ficar visíveis aos olhos dos alunos os
alimentos considerados mais saudáveis em como estão em curso medidas no sentido
de baixar a publicidade a alimentos e bebidas com maior carga calórica.
Ainda um estudo divulgado de 2015
da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, encontrou 17% de rapazes e
26% de raparigas de quatro anos, sublinho, quatro anos, com excesso de peso e
obesidade e níveis de colesterol elevados, um cenário verdadeiramente
preocupante e de graves consequências futuras.
Creio ainda de sublinhar que
estudos realizados em Portugal mostram que a obesidade infantil é já um
problema de saúde pública, implicando, por exemplo, o disparar de casos de
diabete tipo II em crianças.
Apesar de parecer uma birra ou
teimosia acho sempre importante sublinhar a importância que deve merecer a
questão dos hábitos alimentares e o combate ao sedentarismo, sobretudo nos mais
novos.
No que respeita á actividade
física, um trabalho da Universidade de Coimbra divulgado em 2013 sublinhava,
mais uma vez, o impacto que o sedentarismo tem na saúde das crianças. Este
estudo envolveu 17424 crianças entre os 3 e os 11 anos e mostrou a forte
relação entre hábitos fortemente sedentários, ver televisão por exemplo, e
obesidade infantil e óbvias consequências na saúde e bem-estar dos miúdos.
Um outro trabalho de 2012 da
Faculdade de Motricidade Humana envolvendo cerca de 3000 alunos que evidenciava
o efeito positivo da actividade física no rendimento escolar para além dos
benefícios óbvios na saúde.
Também em 2012, um trabalho
divulgado na Lancet referia que em Portugal, entre os adolescentes, dos 13 aos
15, quatro em cada cinco não são fisicamente activos.
As consequências potenciais deste
quadro em termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em
termos individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido, um
problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de
programas de prevenção, educação e remediação que o combatam. Provavelmente,
teremos algumas reacções contra o chamado “fundamentalismo nos hábitos
individuais” mas creio que são também de ponderar as implicações colectivas e sociais
do problema.
No entanto, como sabemos, o
excesso de peso e os riscos associados não serão, para a esmagadora maioria das
miúdos e graúdos nessa situação, uma escolha individual, é algo de que não
gostam e sofrem, de diferentes formas, com isso.
Eu sei que à escola não compete tudo. Não pode, nem deve ser responsável por todos os problemas que afectem a população em idade escolar. Sei, sabemos, no entanto, que pela educação é que vamos lá.
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