quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O ACORDO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO. É PRECISO NÃO DESISTIR

Um grupo de cidadãos, "Cidadãos contra o Acordo Ortográfico de 1990", e a Associação Nacional de Professores de Português apresenta no Supremo Tribunal Administrativo de Lisboa uma acção com o objectivo de impugnar a resolução do Conselho de Ministros que obriga a que as escolas apliquem o Acordo Ortográfico de 1990.
Trata-se de mais uma iniciativa entre várias outras que procura resistir enquanto for possível ao atropelo à Língua Portuguesa que o Acordo Ortográfico representa.
Vale a pena insistir, importa que não nos resignemos. É uma questão de cidadania, de defesa da Cultura e da Língua Portuguesa.
Como tantas vezes tenho escrito, desculpem a insistência, entendo, evidentemente, que as línguas são estruturas vivas, em mutação, pelo que requerem ajustamentos, por exemplo, a introdução de palavras novas ou mudanças na grafia de outras, o que não me parece sustentação suficiente para o que o Acordo Ortográfico estabelece como norma.
Acresce que as explicações que os defensores, especialistas ou não, adiantam não me convencem da sua bondade, antes pelo contrário, acentuam a ideia de que esta iniciativa não defende a Língua Portuguesa. O seu grande defensor Malaca Casteleiro refere até "incongruências" no AO o que me parece curioso, para ser simpático. Dito de outra maneira, desencadeamos um acordo com esta amplitude e implicações para manter "incongruências e imperfeições" que  abastardam a ortografia da Língua Portuguesa.
Por outro lado, a grande razão, a afirmação da língua portuguesa no mundo, também não me convence pois não me parece que o inglês e o castelhano/espanhol que têm algumas diferenças ortográficas nos diferentes países em que são língua oficial, experimentem particulares dificuldades na sua afirmação, seja lá isso o que for.
De facto, não tenho conhecimento de alguma perturbação ou drama com origem nas diferenças entre o inglês escrito e falado na Inglaterra ou nos Estados Unidos, mas isto dever-se-á, certamente, a ignorância minha e à pequenez irrelevante daquelas comunidades anglófonas. O mesmo se passa entre a comunidade dos países com o castelhano/espanhol como língua oficial.
O que na verdade vamos conhecendo com exemplos extraordinários é a transformação da Língua Portuguesa numa mixórdia abastardada.
Como tenho escrito e repito, vou continuar a escrever assim, desacordadamente

3 comentários:

Ana disse...

Com todo o respeito, vou abster-me de tecer considerações sobre os fundamentalismos anti-acordo ortográfico e as falácias de muita argumentação que se tem conhecido ao longo dos tempos, apesar da minha formação académica específica, chamando apenas a atenção para o facto de um mau acordo ortográfico (como o AO90) ser menos nocivo para a aprendizagem da língua por parte das crianças em idade escolar do que a anarquia ortográfica que a pretensão deste grupo de cidadãos parece defender:

«Artur Magalhães Mateus, primeiro autor da acção, jurista e membro do grupo, explicou à agência Lusa que, caso a acção vingue, o AO90 continua a poder ser aplicado, mas deixa de ser imposto, não será vinculativo.»

Zé Morgado disse...

Olá Ana, obrigado pelo comentário. Pelas razões que sintetizei e já tenho abordado e sem que seja um especialista tenho uma posição desfavorável ao AO. Foi esse o sentido do meu texto. Não concordo com a ideia de deixa à arbitrariedade a escrita da Língua Portuguesa. Aliás essa é uma das razões que me faz discordar é a existência da dupla grafia que me parece estranha do ponto de vista formal.

não sei quem sou... disse...

Ao abrigo da minha muita ignorância e talvez cometendo erro grosseiro no conhecimento da nossa língua, estou imaginando a seguinte "cena" passada numa sala de aulas onde vai decorrer um teste de português para um qualquer ano de ensino.

Professor - Caros alunos, quem quiser fazer o teste seguindo o acordo ortográfico (AO90) passe para a direita os outros para a esquerda.

A nossa tão apregoada, desejada e ofendida independência, passa em primeiro lugar pela defesa do nosso léxico.

Eu,como em tantas outras posições na minha vida, incorruptivelmente opto pela esquerda.

VIVA!