Dados do MAI ontem conhecidos
mostram o aumento do registo de ocorrências criminais em contexto escolar no
ano lectivo 2015/2016. Este aumento vem na linha do verificado em anos
anteriores.
Trata-se de um universo complexo
e, como tudo em educação, sem situações milagrosas.
Como é sabido e reconhecido a
instituição escola é de alguma forma um espelho das comunidades em cada momento
da história pelo em comunidades com índices de criminalidade significativos,
com níveis de desesperança e dificuldades, com alterações nos quadros de
valores, não será estranho que tal clima se reflicta no contexto escolar.
No entanto, a escola não pode ser
responsabilizada e considerada competente por e para todo o universo de
problemas nos comportamentos dos mais novos. Para situações de pré-delinquência
ou perturbações do comportamento, por exemplo, pode, evidentemente, dar contributos mas não
assumir a responsabilidade pelo que importa clarificar a análise.
Neste sentido, importa definir
dimensões diferentes ainda que associadas, a delinquência verificada em
contexto escolar ou nas proximidades e a indisciplina escolar que, aliás também
parece em crescimento
Neste quadro tal como nos resultados
escolares, também se deseja que a escola possa
fazer a diferença em matéria de comportamentos.
Para que tal possa acontecer é
necessário mais do que o desejo, a retórica e a boa vontade e empenho de
direcções, professores, técnicos, funcionários, alunos e pais.
Algumas notas avulsas e sem
hierarquia de importância.
Apesar de sabermos que o trabalho
desenvolvido no âmbito da Formação Cívica seria pouco interessante em algumas
escolas o seu desaparecimento dos conteúdos curriculares obrigatórios não
poderia ter acontecido.
Muitas escolas procuram
desenvolver projectos e iniciativas neste âmbito mas faltam recursos docentes e
técnicos.
Nos espaços curriculares
existentes dificilmente cabem abordagens mais diferenciadas face à pressão
decorrente de programas demasiado extensos e prescritivos. A esta situação
acresce o número de alunos por turma que se verifica em muitos territórios
educativos apesar das habilidades na referência a rácios que não espelham a
realidade. Não é certamente por acaso que na generalidade das instituições de
ensino privado que conheço continuam a existir espaços curriculares e
actividades dedicadas à formação pessoal dos alunos a existir mas o
desinvestimento na escola pública tem, evidentemente, consequências.
Faltam professores que possam
desenvolver projectos com impacto nos comportamentos dos alunos, faltam
técnicos, psicólogos por exemplo que podem ser um contributo para minimizar
risco de comportamentos desajustados e mediar o trabalho com famílias.
Faltam funcionários, assistentes
operacionais, que com alguma formação permitam melhor acompanhamento de
recreios e outros espaços escolares minimizando o risco de comportamentos
desajustados.
Falta uma menor carga burocrática
em cima do trabalho de docentes e um clima de maior serenidade nas escolas, uma
variável reconhecidamente com impacto nos comportamentos de todos os que nela
vivem.
Procurar responder desde cedo aos
riscos de comportamento socialmente inadequado o que é um investimento com retorno
garantido.
No entanto, como sempre, é uma
questão de opção política.
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