quarta-feira, 30 de novembro de 2016

23 MILHÕES DE CRIANÇAS POBRES NA EUROPA. E O FUTURO?

De acordo com um estudo do European Institute for Gender Equality, ontem divulgado. a Europa tem mais pobres do que em 2010, cerca de 122 milhões de pessoas em 2014 e 23 milhões são crianças. Os grupos de maior risco de pobreza são os jovens, pessoas sós, migrantes, pessoas com deficiências e famílias com três ou mais filhos.
Recordo que no início do deste mês foi também conhecido um trabalho da Fundação Bertelsmann, "Social Justice in the EU – Index Report 2016 Social Inclusion Monitor Europe" que já com dados de 2015 apontava para cerca 25,2 milhões de crianças e adolescentes, 26.9% da população, em risco de pobreza ou exclusão social nos 28 países da União Europeia.
Nos países do Sul a situação é mais grave, afecta um em cada três.
A estes dados acresce que 4.6 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos, 20.4%, estão sem emprego sendo a taxa superior nos países mais afectados pela crise. Temos também que 17,3% dos jovens da UE entre os 20 e os 24 anos não estudavam nem trabalhavam.
Ainda uma referência final para sublinhar que o risco de pobreza afecta mesmo em pessoas com trabalho remunerado decorrente de abaixamento de salários, precariedade ou outras formas “atípicas” de emprego.
Como já escrevi, estamos num tempo de perplexidade dúvida face ao crescimento de discursos populistas e demagógicos, apelando à intolerância, ao xenofobismo e a valores de direita radical. A recente eleição de Trump, o que se tem vindo a passar na Europa do Norte, Central ou na América do Sul tal como o “Brexit” são exemplos deste caminho que nos deixa inquietos face ao futuro.
Acontece que provavelmente este caminho se alimenta no cenário descrito em cima.
Milhões de excluídos e pobres e de jovens sem presente e sem futuro são um alvo fácil para os discursos populistas radicais. As sementes de mal-estar que estes milhões de pessoas incubam desde criança são muito facilmente capitalizadas e mobilizadas.
Como tantas vezes tenho afirmado, a mediocridade da generalidade das lideranças e o que lhes permitimos fazer criaram a actual União (?!) Europeia onde, grosso modo, 25% da sua população mais nova e 18% da sua população mais velha é pobre ou corre risco de exclusão e pobreza.
É aqui que nasce o que nos assusta.
Não quero fazer concorrência aos politólogos mas parece-me claro que um projecto europeu só sobrevive assente numa Europa para as pessoas, com políticas sociais que combatam assimetria, desigualdade, exclusão e pobreza.
É esta a batalha que não podemos perder.

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