Continua a narrativa dos actores políticos, figuras menores por mais importantes que sejam, que compõem os seus relevantes currículos com licenciaturas obtidas de forma enviesada, por assim dizer, inexistentes ou até com a patética referência “frequentei a universidade mas não acabei o curso porque tinha muito que fazer".
Basicamente, estes "Drs." ou "Engs." terão feito a sua formação universitária nas Universidades de verão montadas pelo aparelhismo partidário, especializam-se em alpinismo político com sólidas carreias dentro desses aparelhos e integram como especialistas e assessores os inúmeros gabinetes da administração central ou local.
Parece-me bem, um país não pode, não deve, desperdiçar os seus mais talentosos e preparados cidadãos. Nesta perspectiva, tenho até alguma dificuldade em compreender porque se demitem, perdão, pedem a exoneração.
Não estando nas funções que desempenham pela formação adquirida, não a adquiriram, só pode ser por outros talentos de que são detentores. Estes talentos não deveriam ser desperdiçados.
Enfim, relvices e outras manhosices do Portugal dos Pequeninos em que ser doutor ou engenheiro é frequentemente visto como uma condição necessária e importante para usar colada ao nome e passar a fazer parte da identidade.
Este cenário alimenta-se de contextos desregulados pela falta de arquitectura ética de parte das nossas lideranças, da referida a importância social atribuída ao "canudo de Dr." e menos ao conhecimento, e a promiscuidade de interesses e dos lóbis (aliás, uma das 4 cadeiras feitas pelo "Dr." Miguel Relvas) que promove muitos casos de trânsito entre universidades privadas, e não só, e a classe política, sendo muito frequente que uma figura qualquer com currículo partidário ou a ocupação de um cargo político passe em seguida a “Professor universitário” sem currículo nem competência que o justifique, mas de cuja ligação se espera que todos ganhem, seja lá o que for.
Quando era miúdo ouvia com frequência uma expressão que era dirigida a quem se queria “armar” no que não era, chamavam-lhe “doutor da mula ruça”. É o caso destes “doutores da mula ruça”.
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