quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O ACESSO AO ENSINO SUPERIOR

A proposta do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos no sentido de retirar peso às notas dos exame nacionais do ensino secundário no acesso ao ensino superior politécnico vais, do meu ponto de vista, acentuar a representação de do esino superior politécnico como uma via de "segunda", Não será, aliás, por acaso que os quatro maiores politécnicos, Lisboa, Porto, Coimbra e Leiria que acomodam cerca de metade do número total de estudantes deste sector não votaram favoravelmente a proposta que serve, aparentemente os institutos com menor capacidade de recrutamento.
Também sem estranheza as universidades não vêem inconveniente na medida desde que se clarifique melhor as diferenças entre politécnicos e universidades, ou seja, que se sublinhe a diferença de formação e "qualificação".
Como tenho dito é importante uma reorganização da rede do ensino superior envolvendo o universitário e politécnico e também alguma diferenciação na natureza da oferta. No entanto, não deve ser seguido um caminho que sugira um trajecto de "segunda" para alunos com notas mais baixas e outra via, de "primeira", para alunos com notas mais altas. Depois da "meia licenciatura" para compôr estatísticas este seria um outro passo na direcção errada.
Na verdade e do meu ponto de vista, a questão central é de outra natureza, a conclusão e certificação de conclusão do ensino secundário e a candidatura ao ensino superior deveriam ser processos separados.
Os exames nacionais destinam-se, conjugados com a avaliação realizada nas escolas, a avaliar e certificar o trabalho escolar produzido pelos alunos do ensino secundário e que, obviamente, está sediado no ensino secundário.
O acesso ao ensino superior é um outro processo que deveria ser da responsabilidade do ensino superior e estar sob a sua tutela.
A situação existente, não permite qualquer intervenção consistente do ensino superior na admissão dos seus alunos, a não ser a pouco frequente definição de requisitos em alguns cursos, o que até torna estranha a passividade aparente por parte das universidades e politécnicos, instituições sempre tão ciosas da sua autonomia. Parece-me claro que o ensino superior fazendo o discurso da necessidade de intervir na selecção de quem o frequenta não está interessado na dimensão logística e processual envolvida.
Os resultados escolares do ensino secundário deveriam constituir apenas um factor de ponderação a contemplar nos processos de admissão organizados pelas universidades como, aliás, acontece em muitos países.
Sediar no ensino superior o processo de admissão minimizaria muitos dos problemas conhecidos decorrentes do facto da média do ensino secundário ser o único critério utilizado para ordenar os alunos no acesso e eliminaria o “peso” das notas inflacionadas em diversas circunstâncias bem conhecidas. Todos nós conhecemos os clássicos exemplos de alunos que se dirigem a medicina porque as suas altíssimas notas assim o sugerem, acabando por reconhecer não ser esse o seu caminho e, por outro, um potencial excelente médico que deixará de o ser porque por três vezes ficou a décimas da média de entrada.
Enquanto não se verificar a separação da conclusão do secundário da entrada no superior corremos o risco de lidar com situações desta natureza.

1 comentário:

Ramses II disse...

Algumas Considerações: O Processo de Bolonha em Portugal só foi implementado no papel,na practica não foi implementado. Não existe diferenças entre ensino universitário e politécnico no entanto o governo parece querer abrir ainda mais o fosso.Senão estou em erro em 1989 o Governo Inglês passou todas as instituições de ensino politécnico a Universidades.
Outra questão: Novo modelo de Financiamento do Ensino Superior.
Cumprimentos
Pedro.