Também sem estranheza as universidades não vêem inconveniente na medida desde que se clarifique melhor as diferenças entre politécnicos e universidades, ou seja, que se sublinhe a diferença de formação e "qualificação".
Como tenho dito é importante uma reorganização da rede do ensino superior envolvendo o universitário e politécnico e também alguma diferenciação na natureza da oferta. No entanto, não deve ser seguido um caminho que sugira um trajecto de "segunda" para alunos com notas mais baixas e outra via, de "primeira", para alunos com notas mais altas. Depois da "meia licenciatura" para compôr estatísticas este seria um outro passo na direcção errada.
Na verdade e do meu ponto de vista, a questão central é de outra natureza, a conclusão e certificação de conclusão do ensino secundário e a candidatura ao ensino superior deveriam ser processos separados.
Os exames nacionais destinam-se, conjugados com a avaliação realizada nas escolas, a avaliar e certificar o trabalho escolar produzido pelos alunos do ensino secundário e que, obviamente, está sediado no ensino secundário.
O acesso ao ensino superior é um outro processo que deveria ser da responsabilidade do ensino superior e estar sob a sua tutela.
A situação existente, não permite qualquer intervenção consistente do ensino superior na admissão dos seus alunos, a não ser a pouco frequente definição de requisitos em alguns cursos, o que até torna estranha a passividade aparente por parte das universidades e politécnicos, instituições sempre tão ciosas da sua autonomia. Parece-me claro que o ensino superior fazendo o discurso da necessidade de intervir na selecção de quem o frequenta não está interessado na dimensão logística e processual envolvida.
Os resultados escolares do ensino secundário deveriam constituir apenas um factor de ponderação a contemplar nos processos de admissão organizados pelas universidades como, aliás, acontece em muitos países.
Sediar no ensino superior o processo de admissão minimizaria muitos dos problemas conhecidos decorrentes do facto da média do ensino secundário ser o único critério utilizado para ordenar os alunos no acesso e eliminaria o “peso” das notas inflacionadas em diversas circunstâncias bem conhecidas. Todos nós conhecemos os clássicos exemplos de alunos que se dirigem a medicina porque as suas altíssimas notas assim o sugerem, acabando por reconhecer não ser esse o seu caminho e, por outro, um potencial excelente médico que deixará de o ser porque por três vezes ficou a décimas da média de entrada.
Enquanto não se verificar a separação da conclusão do secundário da entrada no superior corremos o risco de lidar com situações desta natureza.
1 comentário:
Algumas Considerações: O Processo de Bolonha em Portugal só foi implementado no papel,na practica não foi implementado. Não existe diferenças entre ensino universitário e politécnico no entanto o governo parece querer abrir ainda mais o fosso.Senão estou em erro em 1989 o Governo Inglês passou todas as instituições de ensino politécnico a Universidades.
Outra questão: Novo modelo de Financiamento do Ensino Superior.
Cumprimentos
Pedro.
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