Nuno Crato diz que o país "melhorou" na Educação e Saúde desde 2011
Nuno Crato afirmou ontem que de
2011 para cá o País está melhor na Educação e na Saúde.
Ao que parece o Ministro terá
afirmado isto sem sorrir.
É evidente que os especialistas
podem ajudar a entender este processo de negação da realidade que é
transformada nos desejos de quem para ela olha, mas a verdade é que, lamentavelmente,
a realidade, sempre a maldita realidade desmente o discurso de Nuno Crato.
A educação e a escola públicas
não estão melhor, antes pelo contrário.
As escolas perderam autonomia e
enfrentaram problemas que deixam marcas importantes veja-se o caso do processo
de colocação de professores no início deste ano lectivo.
Os resultados dos alunos estão em
processo de abaixamento quer nas avaliações externas quer nos estudos
comparativos internacionais contrariando um trajecto de melhoria que se vinha
verificando.
Muitos milhares de professores
foram empurrados para fora do sistema, não porque sejam incompetentes, não
porque não façam falta mas porque a política educativa se transformou num
exercício de contabilidade.
No mesmo sentido verificou-se o
aumento do número de alunos por turma o que, em muitos dos nossos territórios
educativos, aumenta a dificuldade para o trabalho de alunos e professores.
Os apoios e recursos para alunos
com necessidades educativas especiais são insuficientes e inadequados conforme
sucessivos relatórios da Inspecção-geral de Educação e do Conselho Nacional de
Educação comprovam. Cada vez são mais frequentes as situações de ausência de
resposta minimamente adequada e emerge um movimento no sentido de empurrar para
fora da sala de aula do ensino regular estes alunos.
A examocracia instituída em nome
da qualidade e do rigor está a produzir exclusão e uma franja significativa de
alunos que são empurrados para um ensino vocacional através de um modelo
criticado pela UNESCO e OCDE.
O ensino superior e a
investigação foram submersos por um gigantesco corte nos recursos pondo em
causa o funcionamento das instituições conforme sucessivas tomadas de posição
do Conselho de Reitores ilustram. Milhares de jovens desistem da frequência do
ensino superior por falta de meios e verificam-se menos candidaturas ao ensino
superior por falta de recursos das famílias. A situação é dramática para um
país que continua com um dos mis baixos níveis de qualificação superior da UE.
Nas escolas faltam assistentes
operacionais cujo presença é importante por exemplo na segurança e supervisão dos
espaços de recreio.
O clima das escolas, variável reconhecidamente
importante na qualidade da educação, está de há muito em alerta vermelho para
usar uma expressão corrente.
Mais aspectos poderiam ser
referidos.
No entanto, apesar deste cenário, o
Ministro consegue dizer que a educação está melhor.
O despudor e falta de seriedade
intelectual parecem não ter limites.
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