domingo, 15 de fevereiro de 2015

OS POBRES NÃO SABEM TOMAR CONTA DE SI

"Estado paga quase 50 mil refeições por dia a famílias carenciadas"

A política social do últimos anos pode, também, sintetizar-se da seguinte forma, cortes brutais nos apoios às famílias, Rendimento Social de Inserção, subsídio de de desemprego, abono de família, etc., e aumento dos apoios às instituições que operam no sector social.
Sublinhe-se que esta política é executada num cenário de fortíssimo abaixamento do rendimento das famílias e de um nível de desemprego brutal o que tem provocado, conforme os últimos dados do INE  aumento da pobreza e das assimetrias. O Governo, naturalmente, afirma que  realidade está enganada e as pessoas estão melhor.
Para quem nos governa os pobres não pessoas capazes de tomar conta de si próprias, precisam da tutela cuidadora de uma instituição. Assim, como o trabalho referido no Público demonstra, prefere entregar a uma instituição uma verba para alimentar uma família numa cantina social superior à verba que essa família recebe em Rendimento Social de Inserção.
Como é evidente as instituições agradecem, as pessoas comem mas ... não se libertam da pobreza e da dependência.
Aliás, no universo das pessoas com deficiência existe o mesmo problema que tem motivado uma luta importante por parte das pessoas com deficiência. De facto, o estado subsidia as instituições para apoio a deficientes mas não apoia as próprias pessoas que poderiam encontrar por sua iniciativa respostas e, provavelmente, com menores custos.
Mas é esse o entendimento subjacente a boa parte das políticas sociais, os pobres, tal como as pessoas com deficiência, não sabem tomar conta de si, precisam sempre da presença de uma instituição prestadora de cuidados básicos, não são auto-determinadas.
Como é evidente, este discurso não pretende tornar dispensáveis as instituições, são necessárias particularmente em situações de crise ou de problemáticas mais severas, mas, simplesmente, de defender que as pessoas, muitas delas, são capazes de tomar conta de si próprias, incluindo a gestão dos apoios que a sua situação possa justificar.

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