"Turma de ciganos continua a dividir opiniões. Mas projecto é para acabar"
A presença das crianças das
comunidades ciganas nas escolas públicas nem sempre é algo de
pacífico e tranquilo como seria desejável que acontecesse. Crianças em idade
escolar a frequentar a escola é, deveria ser, obviamente, uma situação normal.
A questão é que os fenómenos de guetização
presentes sobretudo no que toca à comunidade cigana e que são complexos,
produzem com frequência situações como a que agora volta a ser notícia no Público,
a constituição numa Escola de Tomar de uma turma apenas por crianças de etnia cigana. Que
escola ou que escolas devem frequentar as crianças da(s) comunidade(s)
cigana(s)? Como deve ser gerida a sua colocação em turmas?
Como é também normal emerge uma
conflitualidade de interesses em torno da questão assente em valores,
experiências negativas ou positivas, estereótipos ou preconceitos de natureza e
sinal diferente, dificuldades nas respostas aos problemas, etc.
A pior das soluções parece ser a
definição de uma situação que alimente e prolongue a guetização, isto é, para
crianças de uma comunidade guetizada uma escola guetizada ou uma turma
guetizada.
Em termos formais, distribuir as
crianças por várias escolas ou por várias turmas parece mais ajustado. A
questão é que não chega.
Como é conhecido por quem lida
com estas matérias, não basta ter as crianças na escola para que tudo corra
bem. As experiências mostram que as escolas precisam de ter dispositivos e
recursos que promovam a presença bem sucedida destes miúdos, como, aliás, de
todos os outros. Questões desta natureza
não afectam apenas os alunos de etnia cigana, envolvem grupos de crianças como, mais um exemplo, as crianças com necessidades educativas especiais.
Caso contrário, temos o que por
vezes designo por “entregação” (estão entregues) e não integração, com os
problemas conhecidos daí decorrentes ao nível da aprendizagem,
comportamento, absentismo e conflitualidade e reacções negativas de alguns pais
e professores, ainda que com a concordância de outros.
Por outro lado, as próprias
comunidades ciganas devem ser objecto de intervenção e exigências que não pode
ficar na atribuição de uma casa num qualquer bairro social (mais um gueto) e na
atribuição, por vezes desregulada, do Rendimento Social de Inserção.
Nada mudará e os problemas
repetem-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário