"Mais de 200 pessoas terão morrido em naufrágio no Mediterrâneo"
Continua a ocorrer a dramática
a tentativa de milhares de pessoas de através do Mediterrâneo entrarem em terras europeias onde desesperadamente procuram já não um futuro melhor …. mas qualquer coisa de
diferente do inferno em que vivem.
Entrou até em uso esquema
terrivelmente "simples", enchem-se umas carcaças flutuantes, que em tempos foram
navios, com centenas de desesperados, incluindo mulheres e crianças, e a partir
de certa altura a tripulação que lhes extorquiu o último cêntimo no qual
depositavam a vida, abandona a carcaça flutuante e deixam-na em “piloto
automático” a navegar direito à costa de um país do lado europeu do
Mediterrâneo, O resultado é sempre uma tragédia, ou se despedaçam contra a
costa ou são resgatados com o cortejo de dificuldades que são conhecidas e que,
provavelmente, acabam no repatriamento, ainda mais pobres ainda mais
miseráveis, ou seja, ainda mais mortos sem ter dado por isso.
Esta história tem, no entanto um
lado B, como todas as histórias que envolvem humanos.
Por cá, tal como noutros países
oferece-se, melhor, vende-se o direito de residência e, certamente, sem grandes
problemas, o direito de cidadania a uma rapaziada que por cá apareça com um contentor
de dinheiro, cuja origem é, evidentemente de boa e caridosa fonte. Por ironia
até lhes chamam “vistos gold”. Acontece ainda, sempre o lado B da espécie
humana, que alguma rapaziada bem colocada na administração pública trata com
maior simpatia, por assim dizer, os potenciais interessados nos “vistos gold” a
troco, evidentemente, de umas “lembrançazinhas” e a coisa assim funciona ainda
melhor.
Resumindo esta narrativa muito
feia, os figurantes do Lado A nadam desesperadamente por águas geladas fugindo
a tudo e a todos acabando às centenas num caixão ou desaparecidos no mar.
Por outro lado, os figurões do
Lado B, nadam em dinheiro, compram o direito de estadia, quiçá, o direito de
cidadania, pelo meio distribuem umas ofertas à gente pequenina que pode
acelerar a sua entrada gold no espaço europeu e são felizes num mundo global.
As histórias dos humanos, com
lado A e com lado B são, quase sempre, pouco edificantes para uma espécie
“superior”.
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