quarta-feira, 25 de maio de 2011

O GLUTÃO

O mercado não vai parar de nos surpreender. Agora chegou a Portugal o Glutão, um boneco que mama, chora para mudar de seio e arrota. Lindo menino (a).
Para completar o cenário, o Glutão é vendido com um dispositivo que as meninas (é um brinquedo para meninas) vestem e que simula uns seios aos quais se fixa o Glutão. Extraordinário, se não fosse pateta e disparatado, como bem refere no Público o Professor Mário Cordeiro, homem sensato e conhecedor de miúdos.
Para o seu desenvolvimento equilibrado e saudável os miúdos e miúdas não precisam de acelerar o tempo e amamentarem com seios artificiais aos seis, sete ou oito anos. A brincadeira necessária e promotora de desenvolvimento não tem nada a ver com o disparatado uso de seios postiços para fingir que alimentam um boneco que, por sua vez, chora para mudar de seio e arrota, num final feliz de bem alimentado. Curiosamente, na mesma peça, o psicanalista Carlos Amaral Dias acha absolutamente normal a situação. Que ele possa achar “normal” parece-me legítimo, a normalidade é algo de elástico e com uma latitude considerável. No entanto, o tempo dos miúdos, das fantasias e dos “faz de conta” têm limites que Carlos Amaral Dias devia conhecer e entender. Nem tudo serve para tudo.
Uma última nota para o nome Glutão. Aqui já a escolha me parece mais feliz. O brinquedo tem sido um sucesso de vendas pelo que Glutão parece um nome apropriado. A venda massiva não me espanta e não serve para explicar a bondade de um produto. Existe algo a que se chama manipulação que ajuda a entender.
Os mercados raramente se enganam.

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