Ao que parece, a substância do discurso do Presidente da República, desta vez sem ser através do Facebook, centra-se na ideia de que os portugueses terão que mudar de vida.
Como diria um qualquer imodesto opinador político, na minha modesta opinião o Presidente tem razão.
Perto de um milhão de portugueses, cerca de 20 %, em risco de pobreza precisam de mudar de vida.
Cerca de 650 000 desempregados, estimando-se que em 2012 o número suba, precisam de mudar de vida.
Milhares de empregados em situação altamente precária, somos o segundo mais da Europa com mais alta taxa de precariedade no emprego, sem condições de estruturarem projectos de vida sustentados, precisam de mudar de vida.
Somos um dos países da Europa com maior assimetria salarial o que sugere que os detentores de salários miseráveis precisem de mudar de vida.
Milhares de pensionistas, idosos naturalmente, têm pensões que lhes não garante um mínimo de qualidade de vida precisam de mudar de vida.
Milhares de pequenos agricultores asfixiados por políticas agrícolas que protegem os interesses dos países ditam as regras precisam de mudar de vida.
Milhares de pescadores que encontram, quando encontram, trabalho a bordo de navios espanhóis que pescam nas nossas águas precisam de mudar de vida.
A questão central é que para que estas pessoas mudassem de vida, algumas outras, bastante menos, também precisariam de o fazer.
Mas essas, como sempre, são os donos do mundo, não querem mudar de vida.
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