No Público deparei com uma notícia que acho francamente curiosa, elucidativa e preocupante.
Ficámos a saber que “Mulheres da limpeza arrumaram as vassouras na escola da PSP por falta de pagamento”, isso mesmo, as empregadas da empresa que procede à limpeza das instalações da Escola da PSP recusaram-se a trabalhar devido ao atraso no pagamento dos serviços que, ao que parece, já vai em oito meses.
È curioso imaginar um grupo de mulheres à sombra de uma árvore nas instalações da Polícia sem proceder ao trabalho, porque a Polícia não paga.
É elucidativa do “estado a que isto chegou”, a desorganização, a irresponsabilidade, a imprevidência e a impunidade com que se criam e alimentam dívidas na administração pública.
Finalmente, preocupante, porque entendo que “as mulheres da limpeza”, como a notícia as refere, integram um dos grupos profissionais imprescindíveis ao país, sobretudo, nos tempos que atravessamos.
De facto, os profissionais da limpeza são absolutamente necessários. Portugal precisa de uma limpeza profunda em muitíssimas áreas, nos valores éticos da prática política e dos modelos económicos, nos comportamentos e discursos que protegem interesses e privilégios minoritários e esquecem problemas e dificuldades maioritárias. Veja-se o exemplo inaceitável da existência de 2637 empresas sediadas na Zona Franca da Madeira que não pagam IRC quando se discutem aumentos de impostos sobre o trabalho ou sobre o consumo e o eventual corte de salários.
Precisamos de uma limpeza nos modelos de organização e funcionamento do estado, da administração central e local, em muitas áreas no sentido de que sirvam os interesses de todos.
Não sei exactamente o que a legislação define, mas gostava de pedir às “mulheres da limpeza” se poderiam, pelo menos, assegurar os serviços mínimos.
A limpeza não pode parar.
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