O calendário das consciências manda que hoje estejamos atentos às Crianças Desaparecidas. Segundo a Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas, no DN, em 2010 e nos primeiros meses de 2011 registaram-se 168 casos de desaparecimento de crianças com menos de 12 anos.
A este propósito algumas notas. Embora se saiba que muitos dos casos reportados acabem por ter, por assim dizer, um final feliz, o desaparecimento é temporário, reactivo a incidentes ou a resultados escolares, ou existe envolvimento dos próprios pais, alguns transformam-se em tragédias sem fim como o caso do Rui Pedro, desaparecido há 13 anos.
Uma situação desta natureza é uma tragédia absolutamente devastadora numa família. Nós pais, não estamos "programados" para sobreviver aos nossos filhos, é quase "contra-natura". Se a este cenário acresce a ausência física de um corpo que, por um lado, testemunhe a tragédia da morte mas, simultaneamente, permita o desenvolvimento de um processo de luto, a elaboração da perda como referem os especialistas, que, tanto quanto possível, sustente alguma reparação e equilíbrio psicológico e afectivo na vida familiar a situação é de uma violência inimaginável.
No entanto e a este propósito, creio que vale a pena não esquecer a existência de muitas crianças que estão desaparecidas mas à vista, situações que por desatenção e menos carga dramática passam mais despercebidas. Este cenário que afecta milhares de crianças e, por vezes, também assumem consequências devastadoras.
Muitas crianças vivem quase abandonadas dentro das famílias, sós e sem a atenção que necessitam para crescer. Vão sobrevivendo fechadas em ecrãs e em companhia de outra gente tão desaparecida quanto eles. Nestas situações só quando algo de mais complicado acontece é que se nota como estavam desaparecidas da atenção dos adultos, desaparecidas da preocupação dos adultos.
Com mais atenção teríamos, certamente, menos crianças desaparecidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário