Em muitas conversas com pais emergem com alguma frequência falas que relatam dificuldades em entender os miúdos, mais pequenos ou mais crescidos. Como muitas vezes refiro, os miúdos continuam a ser providenciados sem manual de instruções o que, naturalmente, não facilita a tarefa de os entender.
Pode parecer estranho mas creio que algumas, apenas algumas, destas dificuldades em compreender, às vezes digo "ler", os miúdos têm a ver com as distâncias a que os usamos e queremos entendê-los.
Reparem, os miúdos à medida que crescem vão ganhando distância em relação aos pais, umas vezes ainda estão ao colo, outras afastam-se para mais longe. Estes movimentos vão-se equilibrando e assim parece mais positivo, umas vezes mais por perto para sentirem o colo e o aconchego, outras vezes mais afastados para poderem crescer por si e para si, para serem autónomos, ou, como diria Mestre Almada, para "saber tomar conta de si".
Acontece que, por razões variadas, muitos pais continuam a usar os miúdos demasiado perto ou, pelo contrário, outros pais sem se dar contam deixam que os miúdos se afastem demais, voltem pouco e fiquem ou se sintam longe de si. Simplificando um pouco, se aproximarem demais o rosto deste ecrã não percebem as letras que aqui estão e se se afastarem de mais também deixam de as perceber.
Sendo certo que os miúdos em todas as idades precisam de proximidade, tanto quanto precisam de distância, a questão é mesmo de equilíbrio no uso das distâncias que usamos para olhar para eles, no fundo a distância a que os usamos.
E muitas vezes é mesmo necessário recuar um pouco, ou, pelo contrário aproximarmo-nos um pouco, poder dizer, "agora compreendo-o".
É só o que precisamos, os miúdos e nós.
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