terça-feira, 17 de maio de 2011

É A PRAXE PÁ. É A CULTURA ACADÉMICA

Não será certamente a notícia que hoje merecerá mais relevância. As coisas das minorias nunca são relevantes. Um jovem apresentou queixa face a comportamentos e discursos homofóbicos ocorridos nas praxes do ISEL. Devo confessar que no universo das praxes académicas pouca coisa me pode surpreender, de forma aparentemente tranquila coexistem genuínas intenções de convivialidade, tradição e vida académica com boçalidade, humilhação e violência sobre o outro, no caso o caloiro.
A propósito deste episódio recordo que há algum tempo, meses, serviços do ME recusaram apoiar a distribuição pelas escolas de material produzido no âmbito do Programa Inclusão apoiado e financiado pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Estes materiais destinavam-se a apoiar uma campanha de combate a atitudes e comportamentos discriminatórios relativamente à orientação sexual.
A justificação para que a Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e o Núcleo de Educação para a Saúde, Acção Social e Apoios Educativos recusassem o apoio a uma iniciativa que conta com o apoio de outra estrutura pública foi o "cariz ideológico" das matérias.
Para além da óbvia confusão entre ideologia e valores, estranhei como é que a prevenção e combate à atitudes de discriminação face a minorias se recusem por se tratar de ideologia. Pela mesma ordem de razões não deveriam ser incentivadas e muito menos apoiadas pelo ME, acções que, por exemplo, combatam a xenofobia ou o racismo, terão certamente um "cariz ideológico".
Na altura sublinhei como este tipo de decisões para além da evidente incompetência é reveladora de uma assustadora irresponsabilidade. É reconhecida a presença de comportamentos discriminatórios face a minorias de diferente natureza. Sabe-se que tanto como na remediação, importa apostar na prevenção, parece claro que em matéria de prevenção o público mais jovem terá de ser sempre ser um alvo privilegiado, é de "pequenino que se torce o pepino", e é o Ministério da Educação que se opõe a iniciativas que outros organismo públicos julgaram relevantes.
Quando os pequeninos crescem e os modelos e conteúdos de formação não se ajustam, os pequeninos produzem episódios como este do ISEL e escolhem Quim Barreiros como banda sonora.

1 comentário:

antónio gonzalez disse...

amigo, para o próximo ano gostava de contribuir para que essa coisa a que se chama recepção ao caloiro, na nossa escola, seja o mais digna e inteligente possível. gostava de ter orgulho nelas. Vamos nessa?