Era uma vez um professor. Bom, já não era bem um professor porque, sendo velho e tendo havido alguém que se esqueceu de o mandar embora, ainda vinha todos os dias para escola só para contar histórias aos miúdos, dizia ele. Não tinha família que por ele esperasse, esperava ele que os alunos viessem às histórias quando não tinham aulas a sério. E eles vinham.
As histórias que o Professor Velho contava eram estranhas, passavam-se sempre no futuro. Falavam de pessoas que os miúdos haveriam de conhecer, das coisas que haveriam de fazer, das terras onde haveriam de ir, das coisas que iriam aprender, de coisas difíceis que iriam encontrar, de coisas muito bonitas e, às vezes feias, que iriam acontecer, enfim, a partir do que eles já sabiam, mostrava-lhes o que ainda desconheciam. Era assim como se fossem histórias de adivinhar e os miúdos gostavam.
Eles só não sabiam que o Professor Velho, de vez em quando, em vez de ir para casa onde não tinha ninguém, ia num instante espreitar o futuro.
Assim podia ajudar os miúdos a chegar lá. No fundo, é isso que fazem os professores, os novos e os velhos.
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