O trabalho realizado pela Universidade Fernando Pessoa e divulgado no I oferece um retrato interessante sobre um dos aspectos mais presentes na vida das pessoas, a segurança, ou melhor, a sua percepção de segurança. O trabalho incidiu sobre a apreciação da PSP e da sua actuação.
Alguns indicadores sugerem reflexão. A opinião da maioria dos inquiridos evidencia uma imagem social positiva dos agentes mas uma apreciação maioritariamente negativa da acção da polícia. A maioria elege como primeira causa da criminalidade a pouca severidade para com os infractores. A maioria dos inquiridos entende também que a polícia deveria utilizar mais a força e identifica como maior dificuldade a falta de meios.
Resumindo, os polícias são gente séria, trabalha mal, batem pouco, são poucos e faltam meios.
Esta síntese, eventualmente abusiva, parece indiciar a tentação por um estado musculado, por assim dizer. Tal sentimento emergiu pela percepção de insegurança, pelo aumento efectivo de algumas dimensões da criminalidade, por medidas legislativas erradas, designadamente no Código Penal e também sustentado num discurso conservador e securitário que, aproveitando-se das inquietações legítimas das pessoas, reforça a ideia de quanto mais policial e policiado for um estado melhor.
Tenho como toda a gente preocupações com a segurança, quero como toda a gente leis justas, eficazes na punição e promotoras de prevenção, quero como toda a gente forças policiais suficiente e bem preparadas.
Mas não quero viver num estado policial.
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