Umas das expressões que provavelmente melhor caracteriza os tempos que vivemos é "à distância de um clique". Na publicidade, no dia a dia e nas mais variadas ocasiões, sempre alguém nos diz que qualquer coisa que queremos encontrar ou saber está "à distância de um clique".
E na verdade, o clique, um gesto que muitos de nós executam uma imensidade de vezes, aproximou-nos de tudo. A distância física, em variadas circunstâncias, transformou-se em distância virtual, a distância que obviamente se percorre, claro, num clique.
E assim, quase sem darmos isso, o mundo ficou perto, ainda hoje fiz uma prolongada visita ao Château de Versailles, para ajudar no trabalho escolar de um adolescente da família. De clique em clique cumprimos a visita e o trabalho.
A questão é que me parece que estamos a correr o risco de que o clique se interponha entre cada um de nós e cada outro.
Construímos com cliques um tipo de estrutura a que chamamos redes sociais, encontramo-nos em salas de chat, no mail e no twitter, não nos afastamos do telemóvel que difunde sms ou do computador e até, frequentemente, usamos phones para que o outro que está perto não interfira na comunicação com o outro que está do outro lado do clique.
Talvez seja de estar atento para que um dia destes, na relação entre as pessoas, não se recorra a uma outra fórmula, "não funciona, falta ali um clique". Vai um passo pequeno, do positivo "à distância de um clique" à "clique-dependência".
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