quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

OS SINAIS

Em política, e não só, usa-se muito termo "sinal" ou o seu plural na elaboração de expressões como "dar sinais de" "é importante um sinal" , etc. Esta utilização advém da importância reconhecida de que "um sinal" no âmbito de uma qualquer matéria pode influenciar ou modificar o entendimento público sobre tal matéria. Temos exemplos vários como "as palavras do Presidente são um sinal de que está atento" ou "a nomeação de um independente seria sinal de isenção".
Vem esta introdução a propósito de, segundo trabalho hoje publicado, e devido à introdução nos contratos entre o Estado e as empresas públicas dos objectivos de gestão, os gestores destas empresas ganharão um montante significativamente superior em prémios durante 2010.
Numa época em que o Governo, a contas com a redução do défice das contas públicas e com a pressão para a diminuição da despesa, "decretou" o congelamento salarial para os funcionários da administração pública, fica difícil de entender o aumento, na ordem dos milhões, dos prémios de gestão nas empresas públicas. Acresce ainda, por exemplo, a situação dramática de milhares de desempregados sem subsídio de desemprego.
Voltando ao início, os sinais, este é um sinal que poderia, mas não deveria ser dado. Não se trata de demagogia, nem de populismo, trata-se de coesão social, de probidade e seriedade.
Como é evidente, sinais deste tipo alimentam o popular discurso "eles enchem-se a, gente lixa-se" e minam a confiança nas lideranças políticas.
Parece-me ainda que nesta fase, seria um elementar gesto de bom senso prescindir dos aumentos nos prémios de gestão. É certo que se fala no aumento do imposto que incide sobre estes prémios mas é curto.

Sem comentários: