Devo dizer que não tenho acompanhado com atenção a questão dos protestos das pessoas ligadas aos equipamentos de diversão. Creio que, como em tudo o que respeita ao consumo, se deve estabelecer um equilíbrio entre os direitos dos consumidores, designadamente a segurança, e os regulamentos e exigências que se querem eficazes e razoáveis.
Quando ouvi que a situação ameaça a actividade do sector fiquei inquieto. Uma das memórias da minha infância é a ida à feira e andar nos "carrinhos de choque", o meu preferido. Não simpatizava muito com os carrosséis nem com aqueles que nos obrigavam a andar alto e depressa como as cadeirinha presas a correntes ou outros do mesmo tipo, os que mais entusiasmavam muitos dos meus amigos, mais corajosos, naturalmente.
Há dezenas de anos que não voltei a andar nos carrinhos, mas ainda tenho na cabeça o "nova viagem, nova corrida" que indicava o início de mais um período, depois de introduzida a moedinha, é claro.
Estes equipamentos de feira parecem-me ainda de certa forma uma metáfora da vida que levamos, o gozo, o susto, a companhia, o risco, o inesperado, os altos e os baixos, o lento e o rápido. Não é, aliás, raro a referências ao carrossel em que muitas vezes a nossa vida se transformou.
Por isso, desejo ardentemente que se estabeleça, também aqui, um entendimento que possibilite que uns milhares de miúdos larguem por um tempo as consolas e o ecrã e andem, seguros espera-se, nos carrosséis, carrinhos de choque ou seja lá o que o for numa qualquer feira.
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