Quando há algum tempo se anunciou a intenção de proceder a mudanças no currículo do ensino básico, designadamente no 3º ciclo, tive oportunidade de apoiar a ideia. Do meu ponto de vista, não existe nenhuma justificação de natureza científica ou pedagógica para que os alunos lidem nesta fase do seu trajecto escolar com 14 disciplinas. A suspensão da entrada em vigor dos novos programas de Português foi também justificada com a anunciada alteração da estrutura e conteúdos curriculares.
Estranhamente, ou nem por isso, afinal a mudança anunciada traduz-se em "meros ajustes". A explicitação dos meros ajustes é realizada através de afirmações da Ministra de que citamos "Nos tempos curriculares por disciplina não vamos mexer. Vamos pensar nas áreas não curriculares, embora seja importante manter Educação para a Cidadania.", "Não se pode cortar disciplinas, nem fazer áreas multidisciplinares. É importante que as aprendizagens se façam com clareza." ou ainda passar por "dar mais autonomia aos professores e às direcções das escolas para fazer uma gestão mais flexível do currículo". Estas afirmações não constituem um bom augúrio face à necessária mudança.
Parece, portanto, que não se mexe na estrutura do currículo, que as aprendizagens se farão com clareza, coisa de que se não vislumbra o significado, e que os professores e escolas farão uma gestão mais flexível do currículo, o que pode ser enunciado, seja qual for o currículo.
Não era bem este o discurso que esperava sobre uma anunciada mudança curricular. O aparente recuo deve-se a quê?
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