quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A ALEGRIA E A TRISTEZA

Quando há algum tempo atrás surgiram os primeiros rumores de que parte do PS veria com bons olhos a candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República, fiquei com uma sensação ambígua que hoje se acentuou com a confirmação da candidatura.
O estado de lodaçal em que se encontra a política portuguesa é demasiado grave para que continue na mão dos políticos. Neste momento as elites políticas à vista são parte do problema e não parte da solução. Apesar dos poderes limitados do PR, para além da “bomba atómica” que é a demissão do Governo resta a famosa magistratura de influência, parece-me francamente interessante e positiva a possibilidade da Presidência ser ocupada por alguém fora do “sistema”, eu diria do pântano. Para além disso, o Dr. Fernando Nobre é uma das figuras de maior densidade humanista, ética e moral que possuímos, tem um trajecto de vida e luta por causas que, seguramente, trariam para o universo político uma dimensão de valores que a tecnocracia e a partidocracia parecem incapazes de restaurar. Por aqui a alegria.
Alguma tristeza pelo risco de ver uma figura que admiro profundamente ser devorada por um sistema que, pensado por pessoas, supostamente ao serviço das pessoas, facilmente trucida pessoas. Espero que o Dr. Fernando Nobre, não por falta de coragem, mas por boa vontade e voluntarismo não seja uma das vítimas.
Quanto a potenciais efeitos colaterais, creio que a base de apoio ao dono das esquerdas, Manuel Alegre, vai entrar em período de reflexão e a colagem precipitada do BE ao poeta que ninguém cala vai certamente criar alguns embaraços ao Prof. Louçã. É que entre Fernando Nobre e Manuel Alegre existe um mundo de diferença, o mundo da política, da má política.

1 comentário:

Ana disse...

Espero que o Dr. Fernando Nobre não se arrependa! Tenho a maior das admirações por ele e sigo o seu trabalho há imensos anos! Mas tmb partilho de um sentimento deveras ambiguo!Só me pergunto: Qual a necessidade? Quais as suas motivações?

Temo que a resposta seja: "não havia necessidade"! Nenhuma mesmo.