Os números hoje divulgados num excelente trabalho do Público sobre os custos de manutenção dos estádios de futebol construídos para o Euro 2004 são uma (in)feliz amostra de algo que marca Portugal nas últimas décadas, irresponsabilidade e desperdício.
Não é a primeira vez que abordo este tipo de questões e não pretendo assumir um olhar de santidade e demagogia sobre estas matérias. Sou um grande adepto de futebol mas nunca percebi a necessidade de dez estádios, a própria UEFA achava que seis seriam suficientes. Os interesses regionais e a irresponsabilidade impune levaram a que se construíssem dez elefantes brancos sem um cêntimo de rentabilidade e com custos de manutenção astronómicos, 20 milhões ano. Não adianta a conversa de alguns, enunciada também na recente discussão sobre a lei das finanças regionais, de que, no fundo, esta verba não passa de "trocos". É uma questão de princípios, competência, responsabilidade e racionalidade na gestão da coisa pública.
Quer da responsabilidade do governo central, quer da responsabilidade do poder autárquico, o país está pejado de exemplos desta natureza. Obras de fachada, inúteis, dispendiosas na construção e manutenção que apenas alimentam a feira de vaidades e o umbigo de quem manda.
A peça jornalística tenta ouvir opiniões sobre o que fazer com este problema mas não aborda um aspecto essencial, de quem a responsabilidade e o que acontece a quem decidiu o que obviamente seria um desastre. É esta cultura de impunidade e de irresponsabilidade que constituem a verdadeira asfixia democrática. E atenção, o eterno Madail já fala na remodelação de estádios a propósito da candidatura luso-espanhola à organização do Mundial de 2018.
Livrem-nos desta gente, ou melhor, livremo-nos desta gente.
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