Aqui no Atenta Inquietude é recorrente a abordagem ao universo das crianças e das famílias. Nesta linha, a propósito de dois trabalhos jornalísticos interessantes, mais umas notas sobre estas questões.
No DN diz-se que está a aumentar significativamente o número de famílias que recorre a seguros de responsabilidade civil acautelando os eventuais danos causados pelos seus rebentos. A peça conta o exemplo de meninos que partiram telemóveis ou estragaram canalizações, estragos que as seguradoras indemnizaram. Mais uma etapa do amadorismo ultrapassada. Acabaram-se aquelas cenas patéticas dos papás envergonhados, corados a torcerem as mãos, a desfazerem-se em desculpas e a afirmarem timidamente “eu pago, peço mil desculpas” depois de uma daquelas “tragédias” causadas pela traquinice dos miúdos. Agora, qualquer papá face ao “acidente” saca da “declaração amigável” e diz de forma tranquila, “o seguro paga” e vai à vida calmamente. As seguradoras, sempre atentas às necessidades das famílias, oferecem descontos a quem segurar mais do que um filho. Notável. Fico a aguardar a possibilidade dos filhos contratarem seguros de responsabilidade civil face a danos causados por incompetência parental.
No I diz-se que começam a aparecer com mais frequência pais a utilizarem as licenças decorrentes do nascimento dos filhos quebrando o exclusivo das mães. Esta possibilidade, legalmente prevista, tem causado alguma estranheza nos serviços sociais ou nas empresas em que os pais trabalham. De facto, para algumas pessoas ainda deve ser esquisito ouvir de um homem qualquer coisa como “estou de licença de parto”, perdão, de “licença de nascimento” ou “estou com o bebé e com a lida da casa, a minha mulher passa aí”. Mas os tempos estão em mudança, mesmo quando muita gente quer parar o tempo, note-se, por exemplo, parte dos discursos e posições assumidas face ao casamento entre pessoas do mesmo género.
Como de costume, lembro-me de Camões, “todo o mundo é composto de mudança”.
Sem comentários:
Enviar um comentário