sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A PAZ NAS ESCOLAS, NÃO ERA?

Quase um ano depois do mítico 8 de Março de 2009, o dia da que creio ter sido a maior manifestação de professores da história, os professores voltam à rua. Ao que parece e segundo a Fenprof, irão protestar contra alguns dos aspectos contidos no Acordo de Princípios assinado com o ME e que na perspectiva sindical não estará a ser cumprido. Sempre aqui defendi que entendi e entendo as razões dos professores, por exemplo em questões centrais como a incompetente avaliação e a indefensável divisão entre titulares e outros, mas também entendo que a educação é, seguramente, o mais apetecível terreno de luta político-partidária pelo impacto fortíssimo que tem na vida das famílias, ou seja, a educação é um universo extremamente sensível às agendas políticas e aos interesses da partidocracia. Aliás, foi curiosíssimo assistir a alianças tácticas entre PSD, CDS, PCP e BE no contrariar de políticas do PS que alguns daqueles partidos sempre defenderam. Ao mesmo tempo, o partido do poder, como sempre, procurava capitalizar politicamente as questões em discussão diabolizando os professores aos olhos da opinião publica. O acordo assinado com a nova equipa da 5 de Outubro traria, dizia-se a paz às escolas, devolveria tranquilidade ao trabalho de professores, alunos e famílias. Ingenuidade das ingenuidades.
A paz nas escolas é um sonho impossível, pelo menos no actual quadro de valores em matéria de ética política. A luta pelo poder leva a que os interesses de todos os actores envolvidos, os partidos, os donos das decisões políticas, estejam sempre acima do bem comum, do interesse de todos. Nesta perspectiva, a paz nas escolas não é um bem desejado pelas estruturas partidárias, ainda que por razões diferentes. O resto é a retórica habitual e gasta da defesa do supremo interesse da criança.

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