Normalmente funciona assim. Depois da tragédia os problemas que a envolvem entram na agenda até serem substituídos por outros ligados a nova tragédia. É a espuma dos dias.
Tem-se falado nas últimas horas da morte de quatro idosos em Lisboa. Segundo fontes policiais, as pessoas que viviam sós terão, presumivelmente, morrido devido às baixas temperaturas que se fazem sentir.
Não sou, não quero ser, especialista nestas matérias mas creio que as pessoas terão morrido de solidão e não de frio. Quem não vive só dificilmente terá frio. As pessoas são, espera-se, fonte de calor. Aliás, Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade coloca bem o problema quando sublinha a questão do isolamento em que parte da população sénior vive. Segundo dados relativos a Lisboa, verifica-se uma "realidade de total isolamento diário para 59 por cento da população que reside sozinha, evidenciando um risco de solidão”.
Esta é que é verdadeiramente a causa de morte daqueles idosos. Por isso e como sempre, para além das necessárias políticas sociais emergentes do estado e das instituições privadas de solidariedade impõe-se a percepção pelas comunidades, designadamente pelas famílias, do drama da solidão de que o frio, traduzido na falta de um aquecedor, não passará de uma metáfora.
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