terça-feira, 14 de julho de 2009

POBREZA CLANDESTINA

Depois de ler que Portugal tem a sexta taxa de desemprego mais elevada da OCDE, reparei na peça sobre a regularização da situação de 53 000 estrangeiros que saíram da clandestinidade por aplicação da nova lei dos estrangeiros o que me parece positivo para as pessoas e para o país.
Esta situação da clandestinidade é trágica. Com a crise económica actual e as suas devastadoras consequências, designadamente ao nível do desemprego, elevam-se exponencialmente os riscos de pobreza que já estavam em 18% em 2007, portanto, antes da situação mais grave que atravessamos actualmente. Parte dessa pobreza é uma pobreza clandestina, anónima, envergonhada. As instituições que operam nesta área confrontam-se diariamente com pedidos de ajuda por parte de pessoas que pedem anonimato e reserva sobre a sua circunstância. São pessoas feridas na sua dignidade, muitas delas perplexas com a inesperada situação em que caíram e sem perceber muito bem como dela sair. São pessoas que escondem da família alargada, dos amigos e dos vizinhos as privações e dificuldades. Em tempos em que a solidariedade é matéria mais das instituições e menos das pessoas, a vida desta gente torna-se socialmente transparente, invisível, apenas lhes resta bater clandestinamente à porta de uma qualquer instituição.
Esperemos que o tempo de clandestinidade lhes seja breve.

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