domingo, 26 de julho de 2009

A FALSA IDEIA DE UM PAÍS DE DOUTORES

A imprensa de hoje continua marcada pelo episódio Joana Amaral Dias e, não podia deixar de ser, pelo arraial do Chão da Lagoa. Sobre o primeiro, ainda procurei, mas não consegui encontrar a versão da senhora que permitisse esclarecer a situação. Provavelmente não é por acaso que não a encontrei, a política do Portugal dos Pequeninos alimenta-se destes tristes incidentes, ou é verdade e é um escândalo, mais um, ou é uma invenção e é um escândalo, mais um. Quanto ao Chão da Lagoa e à boçalidade pateta e patética de Jardim apenas reforçar a eficácia do staff de Manuela Ferreira Leite, talvez do Zeca Mendonça ou até mesmo do guru Génio Pacheco Pereira. Encontrar nesta altura um sindroma gripal oportuno para poupar a senhora àquele insulto é, sem dúvida, um excelente trabalho.
No entanto, o CM refere-se a um assunto que de vez em quando é aflorado e, a meu ver, sempre de forma a gerar equívocos, a situação dos desempregados licenciados. Diz o jornal que aumentou no último ano o número de licenciados inscritos no IEFP. É negativo mas é óbvio, com a destruição do emprego e a não criação de postos de trabalho como não haveria de aumentar o desemprego entre os licenciados? Mais uma vez, insisto, não é razoável noticiar sem tratar e enquadrar devidamente as situações. Não se pode construir uma mensagem que desmotive e retire valor à formação por várias razões que os estudos apontam. Apenas três, primeiro somos o país da OCDE com menos licenciados na sua população mais jovem, e ainda existem uns ignorantes que falam de um país de doutores. Os desempregados licenciados encontram emprego num tempo mais curto que os não licenciados e, terceira, os licenciados empregados têm salários médios acima dos não licenciados.
Sabemos também que, por demissão da tutela, a ausência de regulação da oferta no ensino superior é produtora de enviesamentos na relação entre a oferta e a necessidade de qualificação. No entanto, não é aceitável que se produzam discursos que transmitam mensagens erradas, a inutilidade da formação ou o excesso de gente qualificada, que além de erradas acentuam as dificuldades.

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