sexta-feira, 24 de julho de 2009

QUE NÃO SE BLINDEM AS FRONTEIRAS

Os modelos de desenvolvimento social e económico que desde as primeiras décadas do Séc. XX se têm seguido produzem assimetrias e pólos de desenvolvimento que desencadeiam movimentos migratórios em diferentes sentidos, de diferentes contornos e também com diferentes intensidades. Veja-se como Portugal oscila entre períodos de significativa saída com outros em que predomina a entrada. É também conhecido que os movimentos migratórios, em termos gerais, mobilizam mão-de-obra menos qualificada e “disponível” para funções menos atractivas para os residentes. Ao fim e ao cabo trata-se de uma eterna busca por melhores condições de sobrevivência.
Ao que parece, estamos de novo a atravessar um período em que muitos portugueses procuram encontrar no estrangeiro níveis de vida mais interessantes, tal como temos sido procurados por fluxos vindos de fora com o mesmo objectivo.
É neste quadro que me preocupam recorrentes discursos de teor mais conservador, nacionalista e até xenófobo, que pretendem blindar a União Europeia, ou países dentro da UE, impedindo essa tentativa de procura de bem-estar. É óbvio que são necessários dispositivos de regulação desses fluxos, mas criar estados fortaleza ou uma União Europeia fortaleza é algo menos aceitável, fomentador da manutenção das assimetrias de desenvolvimento e do ciclo da pobreza. É ainda de considerar que os portugueses também poderão desejar entrar em países que lhes fechem as portas.

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