domingo, 5 de julho de 2009

ESPÍRITO DE MISSÃO E DE SACRIFÍCIO

Apesar da perplexidade do próximo Provedor de Justiça, não há como ficar admirado com os resultados recentemente divulgados pela SEDES sobre a percepção pouco generosa dos cidadãos sobre a Qualidade da Democracia. Veja-se a reacção negativa de algumas vozes sobre o óbvio entendimento por parte da direcção do PS de que não se pode simultaneamente ser candidato nas legislativas e nas autárquicas. Este entendimento só peca por tardio, já se tinha poupado o caso de Elisa Ferreira e de Ana Gomes candidatas nas Europeias e indicadas como candidatas às autárquicas. Nem nos casos de sobredotação política, raros entre nós se exceptuarmos as personagens conhecidas respectivamente por Professor e por Génio Pacheco Pereira, é possível acreditar que se possa desempenhar com qualidade dois cargos. Por outro lado, mesmo que não se pense acumular, ou que não seja possível a acumulação, a ética e a transparência deveriam determinar que uma pessoa se candidata a um só lugar. Como é evidente, as reacções negativas à impossibilidade de acumular candidaturas só vem dar razão aos que, caluniosamente é claro, afirmam que “eles querem é garantir um tacho”, ou poder. Por mim, posso garantir-vos que isto nem sequer me passa pela cabeça. Acredito fundamentalmente que o espírito de missão e de sacrifício de algumas pessoas dos diferentes partidos do chamado “arco do poder” que assumem desinteressadamente carreiras políticas, as leva a desejarem servir a comunidade em todos os lugares disponíveis e acessíveis. É o tipo de pessoas que dá sentido ao mítico enunciado de J.F. Kennedy, “Não perguntem o que o país pode fazer por vós, mas perguntem o que podem fazer pelo país”.
O problema é que são uns incompreendidos pelo povo que não reconhece o desprendimento e o sacrifício que as pessoas assumem. Ainda por cima, o povo quando responde a inquéritos acha que a democracia está doente. Ingrato é o que é.

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