sexta-feira, 3 de julho de 2009

O ESTADO DA DEMOCRACIA

Agora que a poeira levantada no debate da AR sobre o Estado da Nação assentou, talvez possamos voltar ao Estado da Nação. E uma boa forma de olhar para esse estado é analisar os resultados hoje divulgados de um estudo promovido pela SEDES sobre A Qualidade da Democracia, que pode ser lido no link em baixo. Do conjunto enorme de dados relevam duas ideias fundamentais e prevalentes na maioria dos inquiridos, a percepção de uma justiça ineficaz, injusta e não merecedora de confiança e, também uma maioritária falta de confiança na democracia. Este cenário, para além dos aspectos económicos, é que deveria constituir-se como o centro de um debate sobre o estado da nação. Lamentavelmente, episódios como o do debate de ontem contribuem para o mal-estar espelhado nos resultados. Não é fácil neste espaço abordar as múltiplas razões para este quadro, mas a cultura e praxis política promovidas pela partidocracia instalada terão, certamente, uma fortíssima responsabilidade no afastamento, os cidadãos estão inibidos da participação cívica fora do enquadramento partidário, e na desconfiança. Nesta altura, toda a gente fala de rejuvenescimento geracional nas lideranças políticas e em mudanças de estilo mas na substância nada de novo se regista, caras menos conhecidas, mas comportamentos e discursos demasiado conhecidos.
Por vezes, em conversas sobre este tipo de questões com jovens e jovens adultos sinto um enorme embaraço e dificuldade em construir um discurso optimista e confiante na capacidade de regeneração do sistema. Alguns dos meus interlocutores afirmam, “está assim porque eles querem assim e continua assim porque eles não permitem que mude”.
E nós? Nós limitamo-nos a responder aos inquéritos dos estudos e às sondagens. Até quando?
http://static.publico.clix.pt/docs/politica/estudodasedes.pdf

1 comentário:

Anónimo disse...

Ora aqui está uma boa reflexão acerca do estado actual das coisas.